Sexta-feira, 26 Abril

«Chegamos ao Lugar!» Arranca 3ª edição do Close-up – Observatório de Cinema

A memória levou-nos à viagem, e em consequência disso, esta guiou-nos ao Lugar. Mas qual lugar? O Cinema encaminha-nos para espaços, não-lugares, cenários, etapas que resumem a leitmotiv cénicos. Neste terceiro episódio de Close-up: Observatório de Cinema, prosseguimos na jornada de destruturação do Cinema propriamente dito. De que matéria é feita? Para onde segue? Quais as suas convergências e divergências? Com o Lugar, tema desta nova edição, chegamos, não ao destino, mas possivelmente a uma nova partida.

A decorrer entre os dias 13 a 20 de outubro, Close-up tem convertido num seminal evento em aproximação daquilo que chamamos de ano cinematográfico em revista, sem com isto reduzi-lo a um catálogo de estreias recentes repostas, mas um núcleo de temáticas e capítulos no nosso encaminhar cinéfilo. Prova isso, é a abertura oficializada com a projeção de Lobos, o grande trabalho de Rino Lupo, realizador italiano que na sua passagem em Portugal inseriu todo um novo olhar cinematográfico. A sessão será acompanhado por Paulo Furtado, o Legendary Tigerman, uma autêntica ousadia em cruzar a História de um passado remoto com os acordes atualizados do músico. Como encerramento, outro clássico e cruzamento, Sherlock Holmes Jr., o qual Buster Keaton irá adquiri novo fôlego ao som de Noiserv.

Neste terceiro tomo há espaço para novas rubricas, o Café Kiarostami será inaugurado, uma mesa-redonda onde convidados de diferentes sectores do Cinema (realizadores, investigadores e críticos) reunirão para debater sobre os variados cantos e recantos da Sétima Arte. Contudo, serão os filmes, as verdadeiras estrelas destes sete dias rodeados de Cinema e a sua respetiva vénia.

Cabaret Maxime (Bruno de Almeida, 2018)

Este ano, alguns dos destaques evidentes será a apresentação de Cabaret Maxime pelo próprio realizador, Bruno De Almeida. Possivelmente o melhor exemplo de Lugar nesta espaço, um filme em que o cineasta transforma uma Lisboa noturna e soturna em nenhures, um território imaginário e igualmente real. A guerra entre cabarets é só o pico do icebergue, que é constituído pelas reposições de Isle of Dogs, de Wes Anderson (novamente frisando o “não-lugar”, neste caso inserido num Japão neofeudal e industrial), Ramiro de Manuel Mozos, a Lisboa saudosista e melancolizada no qual é embebido o espirito do homónimo protagonista e um dos grandes filmes do ano, Florida Project, de Sean Baker, um oásis situados nas fronteiras da Disneyland. Todas as sessões contarão com participações de personalidades ligadas ao Cinema, que debaterão com o público, a questão de espaço e lugar na compostura cinematográfica.

Apesar dos lugares serem vários e indeterminados, existe um especifico que promete ser paragem obrigatória neste evento – a América Latina. O Close-Up irá exibir um leque de filmes recentes das diversas cinematográficas latino-americanas, passando pela esplendorosa escuridão das minas bolivianas de Viejo Calavera, de Kiro Russo, pelos paraísos perdidos das promessas nucleares em La Obra del Siglo, de Carlos Machado Quintela, e as fantasmagóricas selvas em busca de Vicuña Porto em Zama, a mais recente longa-metragem de Lucrecia Martel.

Mas a História (H grande aplica-se) é também ele um lugar de obrigatória paragem, dando continuação à rubrica, este ano Close-Up aprofunda no Japão assombrado de Kenji Mizoguchi, projetando quatro das suas principais obras (O Intendente Sansho, Os Amantes Crucificados, Os Contos da Lua Vaga e A Rua da Vergonha). A lição de História passará pelos influenciados, e precisamente os portugueses que espelharam esses signos mizoguchianos nas suas respetivas filmografias. Nesse leque poderemos contar com Pedro Costa (O Sangue), Paulo Rocha (Mudar de Vida) e João Pedro Rodrigues (com a curta documental, Allegoria Della Prudenza).

Sansho Dayu: O Intendente Sansho (Kenji Mizoguchi, 1954)

Já na secção Fantasia Lusitana, serão destacados Diogo Costa Amarante, vencedor do Urso de Ouro da Curta-Metragem no 67º Festival de Berlim e visto como um dos mais promissores nomes da cinematografia portuguesa, e Mário Macedo, jovem realizador que também tem feito um premiado e igualmente promissor percurso em festivais. Ambos realizadores serão frutos de retrospetiva (no caso de Macedo, haverá estreia absoluta de um novo trabalho). Como anexo deste espaço, Diogo Costa Amarante teve direito a Carta Branca e a sua escolha recaiu na obra de Agnès Varda, Sem Eira Nem Beira.

Close-Up ocorrerá, como é habitual, na Casa de Artes de Vila Nova de Famalicão. Por entre o Cinema e os debates, ainda haverá “lugar” para a Exposição Fotográfica e de Vídeo de Ana Cidade Guimarães e Virgílio Ferreira intitulado de A Natureza do Lugar e o Lugar da Natureza.

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