Terça-feira, 23 Abril

C7TV: recomendações de 1 a 4 de setembro

O mês de setembro está de volta! As férias de muitos terminam, as aulas quase a começar. A Supertaça de Futebol Feminino e os jogos das selecções ocupam uma boa parte das agendas desportivas. No entanto, continua a existir espaço para visionar alguns bons filmes. Já sabem o que pretendem ver neste fim de semana? Pretendem ver filmes no conforto do lar? É exactamente para si que está indeciso ou disponível para aceitar a recomendação de um desconhecido que este texto foi escrito. Preparados para mais viagens cinematográficas na nossa companhia? Prometemos uma viagem pelos EUA, Holanda e Alemanha na companhia de um jornalista em crise e de uma jovem, sempre a partir do cinema, ou a ida às entranhas de uma estação televisiva disposta a tudo para conquistar o corpo e a mente das audiências. Temos ainda um mergulho pelas intrincadas relações entre homens e mulheres, seja na companhia de Cary Grant e Katharine Hepburn, ou de Sophia Loren e Marcello Mastroianni. Diga-se que ainda temos mais para propor, com a programação televisiva a contar com algumas opções dignas de atenção, com a RTP 2, a RTP Memória e os Canais TV Cine e Séries a estarem em amplo destaque ao longo do texto.

Tal como na semana passada, a RTP 2 obriga-nos a efectuar uma espécie de batota para integrar um dos seus filmes na programação. Se a semana passada o filme em questão era “O Intendente Sansho“, agora estamos diante de outra obra-prima, nomeadamente, “Alice nas Cidades” (Alice in den Städten), a quarta longa-metragem realizada por Wim Wenders. Na sua entrevista ao The Talks, o realizador salientou o seguinte sobre os road movies: “As soon as I started to travel with the camera, I discovered that I had found a form of expression that really suited me“. É um comentário que exprime o apreço que o cineasta tem por este subgénero, algo demonstrado de forma paradigmática em “Alice nas Cidades“, a primeira parte da “trilogia dos road movies” de Wim Wenders, onde encontramos alguns elementos que entroncam com outras das suas fitas, tais como “Paris, Texas“. Fiquemos, por ora, pelos elementos que ligam “Alice nas Cidades” e “Paris, Texas“. Note-se a composição meticulosa dos planos, os personagens que parecem à deriva, a viagem que transfigura o enredo e marca os protagonistas, as relações intergeracionais, o aproveitamento dos cenários exteriores e da arquitetura local, a alienação e a solidão, os silêncios que transmitem imenso e as figuras que parecem desencontradas consigo próprias. 

No caso de “Alice nas Cidades“, Wim Wenders coloca-nos diante de Phillip Winter (Rüdiger Vogler), um jornalista alemão que atravessa uma crise criativa. Esse bloqueio contribui para Philip não conseguir escrever uma história sobre os EUA no prazo estabelecido, uma situação que irrita o seu superior e leva a que o jornalista fique desempregado. Ao invés de escrever, Philip tirou imensas Polaroids e protagonizou uma série de momentos em que a lassidão imperou, com a letargia a parecer ter contaminado a mente do jornalista. Rüdiger Vogler consegue expressar eficazmente as emoções através dos silêncios, com o ator a compor uma personagem dotada de complexidade, imensas vezes preso aos seus pensamentos e a uma sensação de perda identitária. No aeroporto, Philip conhece Lisa (Lisa Kreuzer) e a filha desta, a jovem Alice (Yella Rottländer), uma rapariga de nove anos de idade. O quotidiano deste indivíduo muda quando se compromete a levar Alice consigo para Amesterdão, de onde espera seguir viagem para a Alemanha Ocidental. Lisa comprometera-se a encontrar-se com Alice e Philip, mas falha inicialmente com o compromisso, algo que conduz a dupla a encetar uma mini-jornada em busca dos avós da jovem.

A partir do momento em que o avião sai dos EUA, o enredo de “Alice nas Cidades” transfigura-se, com Wim Wenders a abordar de forma certeira a ligação forte que se forma entre Alice e Philip. Enquanto a dupla viaja imenso, seja de carro, comboio ou de barco, o cineasta aproveita com acerto a arquitetura local e os espaços por onde estas duas personagens circulam. Diga-se que o sentimento de alienação no interior dos espaços citadinos, o aproveitamento da respetiva arquitectura e dos cenários externos traz à memória uma série de filmes de Michelangelo Antonioni (“L’avventura“, “Il deserto rosso” e “Professione: reporter“), com Wim Wenders a realizar um drama praticamente imaculado, marcado por uma dinâmica certeira entre Yella Rottländer e Rüdiger Vogler. Esta imprime um tom simultaneamente cândido, frágil, descarado e forte a Alice, com o realizador a realçar o carisma natural da jovem e a colocar imensas vezes o seu rosto em destaque, enquanto a atriz contribui para elevar esta belíssima obra. É um filme dotado de belas imagens em movimento, pontuado por uma fotografia a preto e branco que lhe atribui uma espécie de tom intemporal, bem como por boas interpretações e uma banda sonora que adensa a melancolia que envolve os ritmos desta obra cinematográfica que contribui para revigorar o amor e paixão que sentimos pela Sétima Arte.

Alice nas Cidades” é exibido a 1 de setembro, às 23h12, na RTP 2. 

O segundo destaque de sábado vai para “O Caso Spotlight” (Spotlight), de Tom McCarthy. O título original do filme remete para uma equipa do The Boston Globe, especializada em meticulosos trabalhos de investigação de longa duração. O trabalho dos membros desta equipa pode durar meses, embora os seus frutos permitam atribuir uma relevância indelével ao jornal em questão, uma situação notória no acontecimento que é retratado ao longo de “O Caso Spotlight”, um filme dirigido com uma precisão notável por Tom McCarthy, com este a encontrar uma equilíbrio praticamente perfeito para explorar quer a investigação jornalística, quer as ramificações e repercussões deste caso revoltante. Diga-se que Tom McCarthy não transforma os jornalistas em heróis, com o cineasta a preferir exibir estes profissionais como figuras competentes no seu ofício, que podem errar em alguns momentos mas conseguem manter a sua independência, integridade e determinação.

O enredo é inspirado em eventos reais, nomeadamente, uma investigação jornalística que permitiu desvendar e comprovar que um número considerável de padres abusaram sexualmente de menores, ainda que estes crimes tenham sido encobertos durante décadas, inclusive por elementos que pertenciam a altos cargos da Igreja Católica de Boston. A investigação é intrincada e demorada, a paciência dos jornalistas é testada, as suas vidas passam praticamente a ser dedicadas a este caso, enquanto Tom McCarthy procura colocar-nos perante os meandros de um trabalho jornalístico sério que teve repercussões ao redor do Mundo. O poder e valor do filme não se alicerça apenas na valorização do trabalho jornalístico, ou no facto de surgir como documento relevante, ainda que exposto de forma ficcional, sobre um caso negro da Igreja Católica, com “O Caso Spotlight” a sobressair também pela solidez do seu argumento e pela capacidade de Tom McCarthy a explorar as dinâmicas entre os elementos do elenco principal, algo que permite a nomes como Michael Keaton, Mark Ruffalo, Rachel McAdams, Brian d’Arcy James, Liev Schreiber, John Stlattery, entre outros, expressarem algum do seu talento.

A corroborar a recomendação de “O Caso Spotlight” está a crítica de Fernando Vasquez, com o nosso crítico a atribuir quatro estrelas ao filme e a comentar o seguinte: “Num ano em que os escândalos de pedofilia parecem marcar passo no mundo do cinema, principalmente após o grande sucesso mundial de El Club do chileno Pablo Larraín, o cinema norte-americano parece não lhe querer ficar atrás. E para surpresa de muitos, acabou por lançar um filme digno e fiel seguidor de obras de culto como Os Homens do Presidente de Alan J. Pakula ou Escândalo na TV de Sydney Lumet. Como tal, o novo filme de McCarthy não só é um dos filmes obrigatórios de 2015 como rapidamente se está a tornar um documento histórico para mais tarde referenciar“.

Spotlight” é exibido a 2 de setembro, às 7h40, no TVC1.

Ainda pela manhã de sábado temos “Escândalo na TV” (Network) no TVC2, que, tal como “Spotlight“, aborda uma série de temáticas relacionadas com a comunicação social e o jornalismo. No epicentro de uma parte considerável de “Escândalo na TV” está Howard Beale (Peter Finch), um pivô de televisão veterano que comanda um programa que outrora foi líder de audiências. No presente, o programa de Howard é um fracasso de público, algo que leva os seus superiores a decidirem cancelar o mesmo no prazo de duas semanas. Tudo muda quando Howard anuncia em directo que irá cometer suicídio dentro de uma semana, com a estação a ficar em polvorosa e o canal a ser notícia um pouco por todo o lado. Essa queda de Howard no abismo e a postura exaltada com que expõe as suas ideias começam a conquistar as audiências, enquanto ficamos diante do casamento “perfeito” entre uma estação disposta a tudo para conquistar a guerra das audiências e um público disponível para aceitar conteúdo imoral.

O argumento de Paddy Chayefsky dá espaço para Peter Finch compor um personagem complexo, intenso e marcante, com o intérprete a incutir um enorme vigor a este e às suas falas, sobretudo quando Howard Beale expõe as suas ideias de forma exaltada. Também Faye Dunaway tem espaço para sobressair, com a atriz a interpretar Diana Christensen, a ambiciosa líder do departamento de programação da UBS, uma mulher sem grandes escrúpulos que apenas pretende o maior número possível de audiência, com Sidney Lumet realiza esta obra cinematográfica dotada de interpretações e momentos marcantes. Note-se quando Howard Beale diz para o público ir gritar para a janela e observamos várias pessoas a gritarem, ou a cena de sexo entre Diana e Max em que a intimidade é corrompida pelo discurso desta sobre o trabalho, entre outras situações que permanecem na nossa memória e demonstram a mestria de Lumet. O cineasta incute um tom mordaz e eloquente ao lado negro da guerra das audiências e das políticas de programação de algumas estações televisivas, bem como à perda de valores da nossa sociedade e à efemeridade que rodeia o mundo do espectáculo, com “Escândalo na TV” a continuar a apresentar uma assustadora relevância nos dias de hoje.

A título de curiosidade, importa salientar que Philip Winter, o protagonista de “Alice nas Cidades“, exibe algum desprezo para com os conteúdos que observa na televisão quando se encontra nos EUA. Nesse sentido, é muito provável que os programas da estação onde Diane trabalha contribuíssem para despertar o desprezo deste jornalista e compelissem o mesmo a atirar de novo a sua televisão ao chão e a efectuar mais comentários depreciativos sobre a TV dos EUA. Já “Escândalo na TV” não é filme para ir ao chão, ou não estivéssemos diante de uma obra cinematográfica que continua a merecer imensa reflexão, dotada de grandes interpretações, momentos que tardam em sair da memória e uma relevância indelével.

Escândalo na TV” é exibido a 2 de setembro, às 10h55, no TVC2.

Para os menos madrugadores, temos ainda no sábado mais um filme de Wim Wenders em destaque, nomeadamente, “Os Belos Dias de Aranjuez” (Les beaux jours d’Aranjuez), que passou por alguns certames de prestígio, tais como o Festival de Veneza e o Festival de Toronto. O argumento do filme é inspirado numa peça de Peter Handke, um colaborador habitual de Wim Wenders, ou seja, algo que por si só é de despertar a atenção. O resultado final do filme convenceu moderadamente Hugo Gomes, um dos nossos críticos de serviço. Do que trata “Os Belas Dias de Aranjuez“? De acordo com o nosso crítico: “A resposta esconde-se por entre estes artifícios manipuláveis, Wim Wenders tenta reinventar o seu cinema, colocando e transcendo das suas limitações enquanto criação visual. Obviamente, que esta nova obra não goza desse statment artístico, pelo contrário este retrocedo a um cinema burguês o coloca na pista donde o seu cinema evoluirá. Tal como o relato de uma das suas personagens, durante uma viagem a Aranjuez, a desilusão o tomou ao ver que a chamada “Casa del Labrador” não passava de um anexo no Parque Real, mas é nas groselhas, outrora domésticas, que adaptaram-se ao assilvestrado do meio, expandido e tomando o lugar das amoras e outros frutos que habitavam nos bosques para além do Tejo. Por outras palavras, Wenders descarta o seu cinema, assume a arte de outro e espera que esta toma a sua forma. Trata-se de cedência para mais tarde evoluir. Esperemos que sim“.

Os Belos Dias de Aranjuez” é exibido a 2 de setembro, às 22h00, no TVC2.

Mencionados os destaques de sábado, decidimos então realçar alguns dos filmes que vão ser exibidos na TV a 3 de setembro. Por volta da hora da refeição (ou do pequeno almoço, se acordarem tardiamente), o TVC3 volta a exibir “Kubo e as Duas Cordas” (Kubo and the Two Strings), um dos melhores filmes de animação de 2016. Belo, sensível, delicado, emocionalmente poderoso, pronto a aquecer o coração do espectador e a exibir o poder da memória, “Kubo e as Duas Cordas” é a prova cabal da maturidade da Laika e de toda a sua equipa. A influência da cultura japonesa, do seu misticismo e das suas lendas é latente, bem como das obras de artes marciais, com “Kubo” a contar com um argumento aprumado, pronto a encher as medidas a miúdos e graúdos, com as suas mensagens a tocarem bem forte e a mexerem com as emoções dos espectadores. O enredo acompanha Kubo, um jovem órfão cujo quotidiano é completamente alterado a partir do momento em que convoca um espírito mítico, que desce dos céus para cumprir uma antiga vingança.

Kubo e as Duas Cordas” já conta com crítica no C7nema, escrita por Hugo Gomes, que apreciou bastante a primeira longa-metragem de Travis Knight. A comprovar essa simpatia que o filme despertou em Hugo Gomes estão as quatro estrelas atribuídas ao filme, com o nosso crítico de serviço a salientar: “(…) Porém, Kubo e as Duas Cordas, para muitos a apropriação oriental do estúdio a um conto coming-to-age, é até à data o mais impressionante no registo estético (If you must blink, doi it now), até porque a ação é um desafio à altura dos “bonecos de plasticina”, sem com isso existir qualquer sacrifício na arte narrativa“. Diga-se que o trabalho da animação em stop-motion é exemplar, com os gestos dos personagens, os cenários, as cenas de acção ou os momentos mais contemplativos a exibirem todo um cuidado digno de nota e uma classe merecedora de uma miríade de elogios. A atenção aos pormenores é imensa, com uma simples corda a contar com um significado especial, com o espectador a praticamente não poder pestanejar para não perder nada, enquanto a banda sonora composta por Dario Marianelli incute ritmos orientais e prontos a adequarem-se eficazmente ao enredo.  

O papel da memória surge como uma temática fundamental de “Kubo e as Duas Cordas“, algo que Travis Knight respeita neste belíssimo e emocionalmente poderoso filme, que promete permanecer na mente do espectador e ser recordado como um dos grandes produções da Laika.

Kubo e as Duas Cordas” é exibido no TVC3, a 2 de setembro, às 13h35.


Domingo é também o dia de uma dupla de filmes bastante agradável na RTP Memória (se considerarmos que “Ontem, Hoje e Amanhã” ainda faz parte da programação deste dia). Comecemos por abordar brevemente “As Duas Feras” (Bringing Up Baby), uma comédia screwball protagonizada por Cary Grant e Katharine Hepburn. Não faltam falas disparadas a grande velocidade (muitas das vezes até a sobreporem-se umas às outras), alguns diálogos deliciosos, momentos hilariantes e peculiares, um leopardo à solta que é uma fera amansada comparada com a dupla formada por Katharine Hepburn e Cary Grant em “As Duas Feras“, uma obra realizada por Howard Hawks que beneficia e muito da química explosiva entre os dois protagonistas. 

Cary Grant interpreta David Huxley, um paleontologista tímido, meio atrapalhado, que procura completar o esqueleto de um Brontossauro, uma iniciativa que começou há quatro anos, esperando ansiosamente pelo osso em falta, a famosa “clavícula intercostal“. David é noivo da frígida Alice Swallow (Virginia Walker), uma mulher que pensa acima de tudo no museu onde trabalha com David. Esta espera que David provoque uma impressão favorável junto de Mr. Peabody, o representante de Mrs. Random (May Robson), uma investidora que está a considerar doar um milhão de dólares ao museu. Numa partida de golfe que conta com a presença de Mr. Peabody, David conhece inadvertidamente a extrovertida Susan Vance (Katharine Hepburn), a sobrinha e herdeira de Mrs.Random, e é aqui que tudo começa a mudar na sua vida, com esta a conduzi-lo a uma série de mal entendidos que promete terminar em romance. Os episódios rocambolescos sucedem-se, o amor é encontrado no meio do caos e os risos acumulam-se, com “Bringing Up Baby” a surgir como uma comédia screwball exemplar e merecedora da mais larga atenção. 

As Duas Feras” é exibido no dia 3 de setembro, às 15h00, na RTP Memória

Por sua vez quando os ponteiros assinalarem a chegada da meia-noite (vamos considerar que ainda integra a programação de fim de semana), é a vez de chegar “Ontem, Hoje e Amanhã” (Ieri, oggi, domani), o vencedor do Óscar de Melhor Filme em Língua Estrangeira na 37ª edição do evento. Dotado de uma série de características das comédias à italiana, tais como a capacidade de mesclar o humor e a tragédia, a abordagem de temáticas de cariz social, os sentimentos expostos de forma exacerbada, os personagens que evidenciam um enorme desejo sexual, “Ontem, Hoje e Amanhã” consegue transmitir algumas das particularidades de Nápoles, Milão e Roma, com estas cidades a assumirem muitas das vezes um papel de relevo ao longo desta obra de Vittorio De Sica composta por três episódios.

A unir os três episódios encontram-se Marcello Mastroianni e Sophia Loren, cada um a interpretar uma personagem distinta em cada capítulo de “Ontem, Hoje e Amanhã“. A dupla exibe uma dinâmica sublime e uma versatilidade indelével quer quando forma um casal que concebe filhos a um ritmo desgastante, quer como dois amantes, quer como uma prostituta e um cliente muito peculiar. Pontuado por uma abordagem inspirada sobre as especificidades dos relacionamentos entre homens e mulheres, “Ieri, oggi, domani” mescla eficazmente alguns elementos de humor, drama e romance, enquanto nos deixa diante das particularidades de três espaços citadinos e do talento de Vittorio De Sica como realizador.

Ontem, Hoje e Amanhã” é exibido de 3 para 4 de setembro, às 00:00, na RTP Memória.

 

Para a semana regressamos com mais destaques da programação televisiva. Bons filmes, até para a semana. 

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