Segunda-feira, 6 Maio

Lars Von Trier teme não fazer mais filmes após largar o álcool e as drogas

Na sua primeira grande entrevista desde que impôs a si mesmo um voto de silêncio perante a imprensa, logo após as polémicas afirmações no Festival de Cannes em 2011, em que declarou “entender” Hitler, o realizador dinamarquês Lars Von Trier afirmou ao jornal Politiken que está presentemente a efetuar um tratamento contra a dependência do álcool e das drogas, relatando que agora «está limpo» e a frequentar reuniões dos Alcoólicos Anónimos: «Eu sempre tive muita dificuldade com grupos, mas as pessoas nestes grupos de apoio são incrivelmente amorosas e sensíveis. (…) É o grupo certo para mim, porque é composto por tolos como eu. Você pode ir a uma reunião dos AA em qualquer lugar do mundo e sentir-se realmente bem-vindo. Sentir-se como uma nova pessoa. »

O realizador, atualmente com 58 anos, afirmou ainda que quase todos os seus filmes tinham sido escritos sob a influência do álcool e das drogas, algo a que recorria para entrar num «mundo paralelo (…) um pouco como estar numa viagem xamânica», necessária para a criação: «O álcool é a droga mais importante do mundo. E sempre usei-o como auto-medicação contra toda a raiva e ansiedade estúpida que continuo a ter».

E embora ache que tomou a decisão certa, o cineasta mostra-se muito cético em relação ao futuro: «Escrevi o guião do Dogville em 12 dias. 278 páginas (…) o Ninfomaníaca [o primeiro guião escrito sem “aditivos”] levou-me ano e meio, também porque andava parcialmente deprimido». «Eu não sei se posso fazer mais filmes e isso atormenta-me (…) eu gosto de viver se estiver a produzir», disse, acrescentando que «não há nenhuma expressão criativa de valor artístico que já foi produzido por ex-bêbados ou ex-toxicodependentes (…) Quem iria se preocupar com uns Rolling Stones sem álcool ou com um Jimi Hendrix sem a heroína? (…) O David Bowie definitivamente teve o seu melhor momento quando usava drogas a mais», conclui.

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