Quinta-feira, 28 Março

Agnieszka Holland: “O cinema tornou-se tão chato quanto a vida”

O cinema tornou-se tão chato quanto a vida“, disse a polaca Agnieszka Holland durante uma materclass no Festival de Roterdão, relata o Screen Daily,

A cineasta, conhecida por filmes como Jardim Secreto (1993) e Fuga na Escuridão (2011), tem trabalhado entre Hollywood e a Polónia, tendo últimamente assinado vários episódios de séries como House of Cards, The Killing, The Affair e a recente 1983.

Com um novo filme, Mr. Jones, pronto a estrear no Festival de Berlim, Holland foi até Roterdão falar da sua carreira, da sua infância mas também do estado do cinema atual, queixando-se da 7ª arte estar cada vez menos excitante, e lembrando que nos anos 70 e 80, vários realizadores americanos como Francis Coppola Ford, Martin Scorsese e Hal Ashby faziam “filmes corajosos e socialmente engajados” que conseguiram atrair o grande público.

Já hoje em dia, “O cinema, como a música, dividiu-se em dois campos opostos: o sofisticado, ambicioso e desafiador cinema artístico e chamado entretenimento popular, artisticamente morno, dominado por comédias sem ambição e filmes de super-heróis de Hollywood que transbordam efeitos especiais, animações familiares ou comédias românticas“.

Holland falou ainda do perigoso mundo em que vivemos, especialmente devido ao surgimento de figuras que parecem saídas de séries de TV: “Vejam o Duterte (presidente dass Filipinas) ou Trump. Eles são exatamente como as personagens de uma série de TV. Eles são maiores que a vida. Eles são fictícios … eles roubaram a nossa realidade de alguma forma. Eu estava a filmar a quinta temporada da House of Cards exatamente no momento da eleição de Trump. Foi um absurdo. Nós não sabíamos o que fazer. De repente, a realidade foi muito mais bizarra e inacreditável do que toda a ficção inventada por todos os argumentistas.

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