A presença policial no Festival de Cinema de Sundance foi ontem aumentada devido ao receio de protestos por parte de fãs de Michael Jackson contra a estreia de um novo documentário sobre o cantor, Leaving Neverland (referência ao rancho Neverland onde Jackson viveu entre 1988 e 2003), mas durante a exibição deste trabalho com 4 horas, dividido em duas partes, acabaram por ser poucos os protestantes à porta do cinema.
Dentro da sala, as coisas foram menos calmas e as emoções tomaram conta do público e críticos. Precavendo-se para a comoção que o documentário poderia provocar, profissionais de saúde estiveram presentes durante a exibição. Os relatos de criticos e jornalistas são avassaladores quanto ao que assistiram.
O filme apresenta entrevistas a dois homens que afirmam terem sido vítimas de Jackson. Estes, atualmente na casa dos trinta anos, tinham sete e dez anos quando Jackson alegadamente começou um longo relacionamento com eles e com as suas famílias. Descrevendo ao pormenor esses alegados abusos, a obra foca-se principalmente na parte de quando estes homens explicaram a familiares – anos mais tarde – o que realmente aconteceu nas sua infâncias.
Durante um breve intervalo da exibição, vários jornalistas compartilharam os seus pensamentos sobre o filme. Kevin Fallon, do Daily Beast, foi um deles e avisou: “Se pensavam que sabiam ou tinham conhecimento destas coisas, o conteúdo do filme é mais perturbador do que alguma vez poderiam imaginar. E estamos apenas na primeira metade [do filme]. ”
On a 10-min break halfway through Sundance’s 4-hour Michael Jackson child sex abuse documentary. Whatever you thought you knew or were aware of, the content of this is more disturbing than you could imagine. And again, we’re only halfway through.
— Kevin Fallon (@kpfallon) 25 de janeiro de 2019
David Ehrlich foi um dos críticos que se revelou mais perturbado, afirmando que iria “precisar de 400 banhos de chuveiro para se sentir limpo“.
it’s halftime at the four-hour Michael Jackson doc and I’m already gonna need 400 showers to ever feel clean again. #Sundance
— david ehrlich (@davidehrlich) 25 de janeiro de 2019
Já no final da exibição, a Rolling Stone dizia: “No momento em que os créditos surgiram, a energia na sala pairou em algum lugar entre o desconforto com o que acabamos de testemunhar e a sensação que a mudança que estas acusações representam para o legado de Jackson foi alcançada“.
Instados a comentar o teor do documentário, representantes de Jackson afirmam que “esta é mais uma produção chocante numa tentativa ultrajante e patética de explorar e lucrar com Michael Jackson“, e que estamos perante um verdadeiro “assassinato de uma personalidade“.