O cineasta francês Christophe Honoré, autor de filmes como As Canções de Amor, Metamorfoses e Os Desastres de Sofia, mostrou preocupação quanto ao cinema de autor numa entrevista à Telerama.
“Estou preocupado: o meu filme (Plaire, aimer et courir vite), que esteve em competição em Cannes, foi difícil de produzir. O lugar para filmes de autor que escapam à categorização de géneros, filmes de suspense, comédia ou filmes sociais é reduzido. Em França, podemos ter a sorte de ter muitos espectadores nos cinemas, mas não nos devemos enganar: os espectadores estão especialmente presentes para as grandes comédias, que são as locomotivas da indústria há décadas. O público dos filmes de autor está a ficar cada vez mais reduzido. Receio que este tipo de cinema se torne, um dia, o equivalente à alta costura, com algumas salas especializadas em cada grande cidade. Uma arte estritamente dissociada de toda a produção. O exemplo americano não me seduz: a maioria das produções francesas lançadas nos Estados Unidos são distribuídas numa única sala em Nova Iorque, por prestígio. Em qualquer outro lugar dos EUA, eles são lançados diretamente para VOD (Video On Demand). Não importa se continuo a fazer filmes que se pareçam com aqueles que me fizeram amar o cinema. E que são vistos em sala”.
Recorde-se que o último filme do cineasta esteve presente na Festa do Cinema Francês, mas não tem distribuição comercial em Portugal.
