Paul Dano vai passar o sábado em Marrocos, não exatamente para turismo, mas sim para apresentar o seu filme de estreia como realizador: Vida selvagem entrou na seleção da edição 2018 do Festival de Marraquexe. O evento começa amanhã, em solo marroquinho, com a projeção de At Eternity’s Gate, de Julian Schnabel, no qual Willem Dafoe interpreta Van Gogh. No dia 1º já é a hora de Dano revelar os seus dotes de contador de histórias. “Festivais de cinema formaram o meu olhar“, disse Dano ao C7nema, em Cannes.
Revelado como um talento da arte dramática em Little Miss Sunshine (2006), na pele do irmão em voto de silêncio da protagonista, ele trabalhou com realizadores de alto quilate autoral (Paul Thomas Anderson, Steve McQueen, Paolo Sorrentino), o que deu a ele o conhecimento necessário para se estrear na direção com Vida selvagem. Entre os 200 títulos do Festival do Rio, realizado entre os dias 1 e 11 deste mês no Brasil, o impecável trabalho de Dano tornou-se uma sensação entre os cariocas. Com o título original de Wildlife, a longa metragem estreou no Festival de Sundance e de lá partiu para Cannes, onde abriu a Semana da Crítica sob quilos de aplausos. “Sou daqueles cinéfilos que mergulham na internet, quando Cannes começa, atrás de notícias sobre filmes da Ásia, do Leste Europeu“, disse Dano na Croisette.
Baseado em romance homónimo de Richard Ford, o guião é assinado pela mulher de Dano, a atriz Zoe Kazan, neta do mítico diretor Elia Kazan (de Há Lodo no Cais). Na trama, ambientada nos EUA dos anos 1960, um casal, vivido por Carey Mulligan e Jake Gyllenhaal, degrada-se dia a dia por conta dos projetos estapafúrdios dele (sempre malfadado nos empregados que arranja) e do interesse dela por outro homem. O filho deles (Ed Oxenbold) testemunha essa degradação em meio a seu processo de amadurecimento. “Carey foi essencial para que eu atingisse o grau de dramatismo necessário a uma investigação sobre a atomização dos sonhos”, disse Dano. “Este filme é uma aventura coletiva“.
