Quinta-feira, 25 Abril

Acusado de agressão sexual, Abdellatif Kechiche nega

Abdellatif Kechiche, o realizador franco-tunisino mais conhecido A Vida de Adèle, foi acusado de agressão sexual por uma jovem atriz. A mulher, que permanece no anónimato, apresentou queixa à polícia francesa no início de outubro, alegando que Kechiche a agrediu sexualmente num jantar em Paris – na casa de um amigo em comum – em junho passado. Kechiche, através do seu advogado, já “negou categoricamente” a acusação.

Cineasta polémico, especialmente depois de ter sido publicamente criticado pelas atrizes do seu A Vida de Adele, Kechiche é conhecido por lançar nomes para a ribalta, como Sara Forestier (A Esquiva), Hafsia Herzi (O Segredo de um Cuscuz) e Adèle Exarchopoulos (A Vida de Adèle). Nos últimos anos, têm se intensificado as críticas ao seu trabalho, com a objetificação sexual feminina no topo das acusações, mas também problemas ligados ao assédio laboral.

Foi durante o certame de Cannes, nos tempos de Adèle, que a bomba estourou. O Sindicato dos Profissionais da Indústria do Audiovisual e do Cinema denunciou em comunicado todas as violações do Código do Trabalho durante os cinco meses de filmagens, de março a agosto de 2012. No dia seguinte, os depoimentos de sete técnicos que trabalharam no filme revelam um clima pesado nas filmagens e comportamentos semelhantes ao denominado “assédio moral”. As filmagens foram agendadas para dois meses e meio, mas tudo durou mais sem mexidas no orçamento: “Para Kechiche, você tem que estar lá a 100%. Ao longo de cinco meses, isso não é sustentável“, descreveu um dos denunciantes ao Le Monde. Três meses depois, Lea Seydoux e Adele Exarchopoulos queixam-se das filmagens, destacando que não querem novamente trabalhar com o realizador. Kechiche reagiu, afirmando que as declarações das atrizes são piores “do que cuspir no prato que comeram” e que revelam “uma falta de respeito por uma profissão” que considera sagrada.

Seguiu-se Mektoub My Love, estreado no Festival de Veneza de 2017, filme que origina novos comentários críticos em relação à objetificação das personagens femininas, com críticos como Lee Marshall, do ScreenDaily, a afirmarem: “Se a câmara é apaixonada por todas as personagens, ela parece especialmente excitada pelas mulheres.” 

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