Sexta-feira, 26 Abril

Valérie Bonneton: “Dany Boon é um realizador que sabe o que quer”

  

Depois de ter passado nas salas nacionais recentemente (julho) com Semana Sim, Semana Não, a atriz francesa Valérie Bonnenton está de regresso ao grande ecrã na comédia “A Minha Família do Norte”.

A atriz, nomeada ao César pelo seu papel em Pequenas Mentiras Entre Amigos (2010) e conhecida do público por obras como O Verão do Skylab (2011), Não Incomodar (2014) e Bem-Vindos… Mas Não Muito (2015), interpreta neste A Minha Família do Norte o papel de Marie Louloute, a esposa do irmão da personagem interpretada por Dany Boon, o protagonista, realizador e argumentista desta produção.

Apesar de já ter trabalhado com Boon em Supercondríaco (2014) e Eyjafjallajökull: Dupla Catástrofe (2013), a atriz sente que este é realmente o seu primeiro filme com o cineasta e o único onde realmente o conheceu verdadeiramente: “Tive um pequeno papel em Supercondriaco e já me tinha sentido como um peixe na água no seu plateau. Essa primeira impressão foi confirmada grandemente agora … Ele não mudou e para mim, somos realmente parte da mesma família. Nós sentimos coisas comuns, admiração, respeito e cumplicidade que se expressa no nosso trabalho de atores quando estamos juntos. O Dany tinha-me falado há muito tempo deste “A Minha Família do Norte” e como somos os dois da região, havia a certeza que iríamos trabalhar juntos, especialmente neste papel …

Sobre a sua personagem, Valérie diz ter ficado muito emocionada quando leu o guião, descrevendo Louloute como “uma daquelas mulheres típicas do norte que conhece muito bem (…) honesta, mais comovente do que cómica”. “Amei encarnar a Louloute, o que me permitiu também, pelo caminho, reencontrar o meu sotaque Ch’ti!”, disse, não renegando as suas raízes como a personagem interpretada por Boon inicialmente faz no filme.

E como fazer uma personagem credível sem cair na mera caricatura? A isto, Valérie responde que foi sempre uma das suas principais preocupações: “Acho que não teria interpretado esse papel se ele não me enviasse a 200% para as minhas origens. Esse sotaque nunca me deixou …Eu costumo usá-lo como piada, continuo a falar o dialeto Ch’ti na minha família, pois realmente somos do Norte profundo: aquele de Corons, não de Lille … É provavelmente por isso que a história do filme emocionou-me muito. Na adolescência eu envergonhava-me um pouco do sotaque, queria perdê-lo, deixá-lo. O que é interessante no final, espero eu, é que a verdade do carácter da Louloute, aquilo que ela realmente é, se sobrepõem ao modo de falar.

Apesar de na juventude ter tido vergonha do sotaque, Valérie nunca renegou as suas raizes, nem nunca o faria, mesmo que lhe pedissem: “O meu pai sempre me disse que voltamos sempre para onde viemos …É claro que eu queria sair de lá, mas voltei e, mais importante, nunca esqueci como os nortenhos são únicos. Quando cheguei a Paris pensaram que eu era maluca, isto porque dizia olá a toda a gente na rua. É outra mentalidade, um espírito diferente

Boon, o cineasta que sabe o que quer

O guião do Dany foi escrito de forma muito precisa. É principalmente um realizador que sabe o que quer, mesmo que esteja sempre pronto a escutar o que os seus atores lhe podem propor. Aceita ou não o que você leva até ele, mas presta sempre atenção … Eu conheci-o quando ele tinha 20 anos e não mudou: neste filme, é ele quem rouba mais gargalhadas! Nunca sentimos a menor pressão …para ele, nada é um problema ou um obstáculo, todos são bem-vindos no set. Lembro-me de um dia quando a minha filha estava doente: ele arranjou uma forma de a ir buscar à escola e quando ela chegou, apresentou-a à equipa. Ele é alguém que está na vida à frente de tudo e cuja inteligência permite-lhe que não seja apanhado pela tensão de um filme importante como “A Minha Família do Norte”.

Trabalhar com Guy Lecluyse e Line Renaud

Em a A Minha Família do Norte, Valérie divide o ecrã inúmeras vezes com Guy Lecluyse, que encarna Gus, o seu marido, e o irmão de Dany, e Line Renaud, a sogra. No filme, esta personagem anda um pouco à deriva, mas mostra sempre ternura e bondade. Para a atriz, “ o casal que Guy forma com a Louloute representam aqueles casamentos que resistem ao tempo apesar dos problemas e os defeitos. por vezes insuportáveis, como o álcool no caso do Gus. Há muita solidariedade entre eles, isso é a única riqueza deles: Além do amor, eles não têm grande coisa. Eu tenho a certeza que em Paris, a Louloute e o Gus teriam se separado, porque existem outros interesses …”

Já sobre Renaud, Valérie diz: “A Line [Renaud] é uma mulher que se manteve muito simples sem qualquer à priori ou julgamento. Quando ela conhece alguém, ela olha e ouve-te primeiro. E eu sei que é hábito dizer “as filmagens foram maravilhosas, etc. “mas é verdade e a responsabilidade é do Dany … Ele sabe se cercar pessoas excepcionais como a Line Renaud. Para mim, foi um belo reencontro e uma ótima lição.

 

O elenco, uma grande família

Nas filmagens, o Dany nunca deixa ninguém sozinho, por exemplo. Ele preocupa-se com onde você está, com quem você almoçou! Então, estamos todos juntos a assistir às cenas e, acredite em mim, no cinema nem sempre é assim! O Dany não é como os outros e os seus filmes ressentem-se disso … Sabe, não há mistério para a sua popularidade: ele não engana ninguém, conta quem é através dos seus filmes e o seu último objetivo é de dar alegria aos espectadores”.

 

A caricatura sem maldade

No “A Minha Família do Norte” podemos dizer que colocar frente a frente os designers parisienses e as pessoas modestas do Norte, é caricatural, mas o filme não é maldoso ou gozão em qualquer momento, mesmo quando aponta as falhas de alguém. São apenas ternura e benevolência …

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