Sexta-feira, 26 Abril

Boots Riley critica novo filme de Spike Lee

Boots Riley criticou BlacKkKlansman, dizendo que o novo filme de Spike Lee mudou eventos históricos no filme para retratar a policia americana de uma forma mais positiva. O rapper e realizador (Sorry to Bother You, 2018) alega ainda que Lee teria recebido 200 mil dólares da polícia de Nova Iorque para dirigir uma campanha publicitária para melhorar a sua imagem junto das comunidades minoritárias e que – quer isso seja verdade ou não – BlacKkKlansman se assemelha a uma espécie de extensão desse trabalho.

As palavras foram proferidas num ensaio publicado no Twitter, onde Riley começa por elogiar a capacidade cinematográfica de Spike Lee, criticando depois abertamente o conteúdo, emparelhando este filme ao anterior – Chi-Raq -, como que se Lee quisesse deixar a mensagem que: “os negros devem deixar de se preocupar com a violência policial e preocuparem-se com o que fazem uns aos outros, pois a policia é contra o racismo de Qualquer das formas.”

BlacKkKlansman é baseado nas memórias de Ron Stallworth, um ex-detetive que se infiltrou na Ku Klux Klan nos anos setenta. No filme, Stallworth (interpretado por John David Washington) é um herói da força policial pelos seus feitos, incluindo a travagem de um atentado. 

Porém, Riley afirma que esse evento – juntamente com outros representados na fita – foram criados para favorecer a imagem da polícia: “É uma história inventada em que as partes falsas tentam fazer do polícia o protagonista na luta contra a opressão racial“, diz.

O músico e cineasta alega ainda que Stallworth fez parte da COINTELPRO, uma série de operações secretas e muitas vezes ilegais conduzidas pelo FBI para interromper organizações políticas. Uma dessas organizações lutava contra a opressão racial, mas Stallworth esteve infiltrado três anos a sabotar o grupo. Riley invoca a Lei de Liberdade de Informação (FOIA), que divulgou provas das ações de Stallworth contra causas defendidas pelos negros: “Sem as coisas inventadas e com o que sabemos da história real do trabalho policial em grupos radicais, e como eles se infiltraram e conduziram organizações de Supremacia Branca para atacar esses grupos, Ron Stallworth é o vilão”.

Notícias