Numa entrevista ao canal argentino El Trece, Woody Allen voltou a negar qualquer tipo de assédio sexual a Dylan Farrow, afirmando que esse caso já foi investigado há 25 anos atrás pelas autoridades e que estas chegaram à conclusão que as alegações não eram verdadeiras: “Sou um homem com família e filhos. Então, é claro, é triste. (…) Certamente sinto-me mal porque me acusam de algo terrível. Dói, dói à minha família. Algo que foi analisado por pessoas há 25 anos. Isto foi investigado por duas fontes diferentes e acabou por se revelar completamente falso (…) e agora voltou tudo. Claro que me sinto mal. É terrível ser acusado de algo tão horrível. Quando você é investigado e considerado inocente, e de repente você volta atrás… Claro que se sente angustiado.”
Mostrando-se um apoiante do movimento #MeToo, o cineasta de 82 anos sente-se frustrado pelo seu nome ser associado a homens acusados de vários casos de má conduta sexual, mas recusa usar o termo caça às bruxas: “Acredito que qualquer situação em que alguém é acusado de algo injustamente é triste. Acho que todos concordamos com isso. Ninguém iria querer … Todo mundo quer justiça (…) agora existe o movimento #MeToo. Você apoia, você quer levar esses terríveis abusadores à justiça,e acho que é uma coisa boa. O que me incomoda é que me ligam a eles. Pessoas que foram acusadas por 20 mulheres, 50, 100 de abuso. Eu, que fui acusado uma vez por uma mulher num caso que envolve a custódia de crianças e que foi analisado e provado ser falso. Eles agruparam-me a essas pessoas. Como digo, sou um grande defensor do movimento #MeToo. Fico emocionado quando eles encontram pessoas que perseguem mulheres e homens inocentes. É bom que você os exponha.“
Allen foi mais longe e disse que deveria ser encarado como um aliado, um rosto de propaganda ao movimento: “Trabalhei 50 anos em filmes (..) com centenas de atrizes e nenhuma delas – grandes, famosas, iniciantes – alguma vez sugeriu qualquer tipo de comportamento inapropriado da minha parte. Sempre tive um comportamento maravilhoso com todas elas. (…) Existiram 60, 65 nomeações para prémios para mulheres que trabalharam nos meus filmes. Empreguei centenas de mulheres, mais de 200 nas minhas equipas, atrás das câmaras, centenas delas. E nós sempre pagamos a elas o mesmo que aos homens. Temos uma história maravilhosa. Estou do lado delas e sinto-me parte disso. Por princípio e em espírito, sou totalmente a favor em levar à justiça os verdadeiros abusadores.”
