Sábado, 20 Abril

Morreu o cineasta Idrissa Ouédraogo (1954-2018)

Morreu aos 64 anos, vítima de um acidente vascular cerebral, o cineasta Idrissa Ouédraogo,figura marcante do cinema africano e cuja obra frequentemente amostrava o conflito tradição-modernidade.

Nascido em 1954, em Anfora, no então Alto Volta (atual Burquina Faso), Idrissa estudou na famosa escola de cinema soviética VGIK, por influência de Sembène Ousmane, depois no Idhec (antiga Femis) e finalmente no Instituto de Altos Estudos Cinematográficos da Sorbonne. A sua carreira cinematográfica começou em 1981, com o lançamento da curta Poko, vencedora do FESPACO (Festival Panafricano de Cinema e de Televisão de Uagadugu), a que se seguiram vários outros trabalhos, até que em 1986 lançou a sua primeira longa-metragem, Yam Daabo (1986).

Foi com Yaaba- Avózinha (1988), sobre os laços de amizade entre um menino e uma mulher idosa, considerada pelos aldeões como uma bruxa, que o cineasta começou a dar nas vistas, ganhando o Prémio Fipresci e uma menção especial do prémio ecuménico no Festival de Cannes.

Em 1990 lança Tilai – A Lei e a Honra, vencedor do Grande Prémio do Júri em Cannes, e dois anos depois, com Samba Traoré, conquista o Urso de Prata no Festival de Berlim. 

Entre outros trabalhos importantes na sua cinematografia, destaque para a execução de segmentos para as antologias documentais Lumière et compagnie (1995) 11’09”01 – 11 Perspectivas, onde colocava um grupo de jovens convenvidos que Osama bin Laden estava em Ouagadougou – este segmento serve para mostrar o contraste entre as tragédias que atingem o Ocidente e o dia a dia da pobreza em África que não é notícia.

Em 2015, em entrevista, disse que ambicionava “fazer um grande filme sobre a penetração colonial“, pois África “nunca ampliou seus heróis“. O projeto, porém, nunca avançou.

Em declarações à imprensa, Roch Marc Christian Kaboré, presidente do Burquina Faso, disse hoje em comunicado que O país acabou de perder um realizador com imenso talento” que “fez muito para promover o cinema do país e africano além das nossas fronteiras“.

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