Quinta-feira, 18 Abril

Oliver Stone critica Steven Spielberg, Clint Eastwood e Kathryn Bigelow

O cineasta Oliver Stone, presente em França, tem dado alguns recados a colegas de profissão, mostrando-se desagradado com algumas da obras que cineastas como Steven Spielberg, Clint Eastwood e Kathryn Bigelow executaram nos últimos anos, acusando mesmo estes dois últimos de fazer propaganda pró-americana e militar.

Numa entrevista ao Figaro, por ocasião de uma visita ao Forum des Images de Paris, Stone foi questionado se sentia alguma inveja de Eastwood por este conseguir filmar, pelo menos, uma obra todos os anos.

A resposta foi corrosiva: “Sim, mas eles fazem filmes pró-americanos muito mais fáceis de dirigir. Se eu quiser fazer uma longa-metragem sobre soldados americanos num comboio, arranjo dinheiro sem problemas. Clint ganhou fortunas com o Sniper Americano, mas nunca vou fazer um filme sobre um atirador que mata 150 iraquianos sem nunca questionar nada. “Nós combatemos contra os inimigos da América, nós lutamos pela liberdade!” Claro. Eu acho o mesmo de Estado de Guerra, o filme da Kathryn Bigelow, que ganhou o Oscar. 00:30 A Hora Negra ou Cercados também estão muito bem feitos tecnicamente, mas o que eles dizem desagrada-me“.

Já sobre The Post, Stone usou o Facebook – num tributo a Robert Parry -para criticar a forma como Spielberg dá uma imagem heróica de Katharine Graham (Meryl Streep, no filme), personalidade que, segundo ele, mantinha relações demasiado próximas com os Kennedys e Henry Kissinger.

Stone, que apelida The Post como um filme “limitado“, diz ainda que Graham e o seu Washington Times “deliberadamente ignorou” o escândalo Irão-Contras, revelado em novembro de 1986, durante o segundo mandato do presidente Ronald Reagan, no qual figuras chave da CIA facilitaram o tráfico de armas para o Irão, que estava sujeito a um embargo internacional, para assegurar a libertação de reféns e para financiar os Contras da Nicarágua.

Recorde-se que em The Post seguimos a forma como o jornal Washington Post divulgou os chamados Documentos do Pentágono sobre a guerra do Vietname, isto depois do New York Times ter sido impedido de fazê-lo pela presidência de Richard Nixon.

 

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