Sábado, 20 Abril

Assédio Sexual: Binoche, Huppert, Ardant e Seigner ao lado de Deneuve

No fim de semana passado, em Paris, vários atores gauleses reuniram-se para promover o cinema local, num evento organizado pela Unifrance. Entre os grandes nomes que participaram no evento, estiveram Juliette Binoche, Isabelle Huppert, Fanny Ardant e Marion Cotillard, que numa conferência de imprensa abordaram questões em torno do assédio sexual na sua profissão e do surgimento de movimentos como o #MeToo e Time’s Up.

Questionadas pelos jornalistas, cada uma mostrou uma opinião muito particular sobre o tema. Binoche começou por referir as suas declarações ao Le Monde há uns tempos atrás, em que contou ter sofrido três abusos sexuais ao longo da vida (aos 7, 18, e 21 anos), mas que nunca tinha sido alvo de assédio por parte de Harvey Weinstein. A atriz disse ainda, de acordo com o El Pais, que acha importante diferenciar as coisas e “não cair em perseguições” de forma a “fugir a fanatismos”. E apesar de manifestar o apoio às colegas assediadas, Binoche diz que é importante entender os “graus e as nuances” de cada caso. Fanny Ardant foi mais incisiva e mostrou estar ao lado de Catherine Deneuve, dizendo que apoia as mulheres assediadas, mas  que daí “não podemos passar a perseguições nem a puritanismos“.

Marion Cotillard, que ainda recentemente tinha falado sobre o tema à imprensa, declarou estar de acordo com o Time’s Up e do #MeToo, “das suas reivindicações e da sua luta.” Já Isabelle Huppert afirmou que não se devem misturar as coisas: “Acredito na luta contra o assédio. Nunca o sofri e sempre lutei pelo meu lugar como atriz. Mas acredito que não devemos colocar todos os problemas no mesmo cesto: a igualdade salarial é uma coisa, a sedução é outra, os assédios sexuais são outra… Misturar os assuntos gera confusão“.

Estes quatro nomes são apenas alguns dos muitos que recentemente expressaram a sua opinião sobre o tema. A atriz Emmanuelle Seigner, esposa de Roman Polanski, disse recentemente ao Corriere della Sera (via El Pais) que teme o “olhar fundamentalista” que o movimento #MeToo está a ganhar, em particular nos Estados Unidos, onde se está aa ir longe demais“.


Maiwenn

Também recentemente, a realizadora e atriz francesa Maiwenn pronunciou-se sobre o caso através de uma carta lida num programa de televisão. A responsável por Polissia e Meu Rei focou-se essencialmente na necessidade das mulheres mostrarem união e não cairem em julgamentos fáceis.

Recorde-se que Catherine Deneuve envolveu-se na polémica do assédio sexual ao assinar, juntamente com 100 mulheres francesas, uma carta aberta onde criticavam o que chamaram de “justiça sumária” estimulada pelo movimento #MeToo e #BalanceTonPorc. Esse texto, publicado no Le Monde, gerou uma grande controvérsia, levando a atriz a “clarificar” a sua posição no Libération.


Catherine Deneuve

 

Deneuve disse que “ama a liberdade” e que não gosta “desta característica dos nossos tempos  em que todos sentem o direito de julgar, arbitrar e condenar.” A veterana critica o facto das denúncias nas redes sociais gerarem “punição, resignação e, às vezes e muitas vezes, linchamentos nos Media“.  Admitindo que já presenciou situações de abuso de poder desde os seus 17 anos de idade – altura em que começou a trabalhar como atriz-, Deneuve diz que o poder, a posição hierárquica ou a influência é que criam sempre “situações traumáticas e insustentáveis” e que assinou aquela carta pelo “perigo de ‘apagar’ nas artes“.

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