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Keira Knightley: “não faço filmes contemporâneos porque as personagens femininas quase sempre são violadas”

Numa entrevista à Variety, a atriz Keira Knightley explicou porque o público atualmente a vê com mais frequência em filmes de época e não em trabalhos contemporâneos.

Segundo as suas palavras, Knightley não gosta da forma como as mulheres contemporâneas são retratadas nos filmes: “Na verdade, não faço filmes nos dias modernos porque as personagens femininas quase sempre são violadas“, disse ela. “Eu sempre encontro algo desagradável na forma como as mulheres são retratadas, enquanto encontro personagens inspiradoras nas peças históricas“.

Ainda assim, Knightley diz que notou que têm surgido algumas personagens femininas fortes e histórias femininas nas plataformas de streaming, como a Netflix e a Amazon, mostrando-se otimista que estes ajudarão a moldar futuras personagens femininas no Cinema também. 

“Houve alguma melhoria. Começaram-me a enviar guiões com mulheres atuais que não são violadas nas primeiras cinco páginas do guião e que não servem simplesmente para ser a namorada ou esposa amorosa”Keira Knightley

A atriz, conhecida por filmes como Piratas das Caraíbas, Orgulho e Preconceito e Expiação, disse ainda que a solução para essa situação é dar lugar a mais diretoras e produtoras, pois “a maneira como a sociedade vê as mulheres através dos dramas é muito melhor e muito mais equilibrada“.

Sobre os casos de assédio sexual na indústria do Cinema, Knightley diz que não é apenas nessa indústria que tal acontece, mas em todas: “Estava ciente da cultura de silenciar as mulheres e da cultura de intimidá-las, e  sabia que os homens na indústria podiam se comportar de maneiras muito diferentes das mulheres. Isso foi óbvio. O que é fascinante sobre o movimento #MeToo é que estava sentada com amigas que não estavam na indústria, e não havia nenhuma de nós que não tivesse sido assediada. Nunca tínhamos tido essa conversa antes. Foi algo que nos abriu os olhos.”

Vale a pena referir que brevemente veremos Knightley em Collete, um drama biográfico com base na vida da escritora francesa Sidonie-Gabrielle Colette. Colette supera um casamento abusivo para emergir como uma escritora, chegando mesmo a ser candidata ao Prémio Nobel de Literatura em 1948. O filme tem a sua estreia no Festival de Sundance.