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Suécia em choque: 456 atrizes contam histórias de assédio, abuso ou violação

A ministra da Cultura da Suécia, Alice Bah Kuhnke, chamou diversos chefes ligados ao entretenimento na Suécia para uma reunião de carácter urgente, isto depois de 456 mulheres* – incluindo alguns dos principais nomes do país – assinarem uma carta detalhando o abuso sexual na indústria local do Cinema e do Teatro.

A carta, publicada pelo Svenska Dagbladet [1], detalha uma série de relatos profundos e chocantes de comportamentos inapropriados que vão desde violações até agressões sexuais e assédio no setor, sem nomear as vítimas ou os perpetradores. Algumas das estrelas mais famosas da Suécia, incluindo Sofia Helin (da versão sueca de A Ponte), Alexandra Rapaport (The Hunt – A Caça), Helena Bergström (Saknad), Lia Boysen (Fallet) e Lena Endre (Kingsman: O Círculo Dourado) assinaram esta carta, que detém histórias de situações que alegadamente aconteceram.

«Toda a equipa e atores ficaram no mesmo hotel. Quando estou sentada lá, mais tarde, à noite, ouço o diretor e a pessoa que seria o meu marido na produção a discutir sobre quem vai me ter primeiro. Eu fico com medo e vou para o meu quarto. Toda a noite, ouço-os a tentar entrar no meu quarto, tanto pela porta como pela janela. Pedi a um ator masculino, que eu não conhecia, para me proteger. Ele ajudou-me e estou eternamente agradecida“,  diz um dos relatos.

Outro conta como uma grande estrela masculina do país surgia nas filmagens sempre drogado, bêbado ou ressacado: “Toda a equipa o esperava, às vezes durante horas, todos os dias. Quando ele acabou por aparecer era preciso mantê-lo de bom humor. Tínhamos um par de cenas sensíveis juntas, a estrela e eu. Ele nunca sabia as suas falas (…) Um dia puxou-me de lado. Disse que eu tinha que entender que era impossível para ele se lembrar das suas falas porque eu era muito excitante e tudo o que ele pensava era como eu seria nua e o que queria fazer comigo“.

A ministra da Cultura da Suécia mostrou-se “chocada, enojada, chateada e furiosa” após ter contacto com as histórias, prometendo mudanças no país. O primeiro ministro Stefan Löfven também já reagiu, afirmando que vão ser tomadas medidas radicais sobre a matéria.

* O número subiu para 577 no dia 10/11/2017