Em declarações no Festival de San Sebastián, Thierry Frémaux, Delegado-Geral do Festival de Cannes e Diretor do Instituto Lumière, afirmou que a 7ª arte precisa de mais «Tarantinos, Garrels, Nolans», autores que «insistem que o Cinema é uma coisa sagrada».
A frase foi dita numa conversa sobre as novas plataformas e o papel do cinema no futuro, isto após Frémaux ver exibido no certame basco a sua longa-metragem Lumière, l’Aventure commence!/Lumière!, uma homenagem aos pioneiros da história do cinema, os irmãos Lumière.
Frémaux insiste na importância do grande ecrã para o futuro do Cinema e citou Dunkirk como uma boa resposta às novas plataformas, como a Netflix, mas compreende que se os autores não encontrarem o dinheiro para fazer os seus filmes no setor tradicional, irão buscá-lo a essas plataformas digitais: «o exemplo é Martin Scorsese, que agora está a trabalhar com a Netflix [The Irishman], e será o mesmo Scorsese dos seus filmes anteriores.».
O responsável pelo Festival de Cannes afirmou ainda que o seu certame é um «laboratório» e relembra que, em 2002, quando ele liderava o evento apenas há dois anos, foram projetados dois filmes digitais – A Arca Russa, de Aleksandr Sokurov, e Star Wars: Episódio II – O Ataque dos Clones, de George Lucas –, o que provocou a ira de muitas personalidades e o levou mesmo a pensar que seria demitido, tal o volume de críticas que recebeu.
Frémaux falou da hipótese de Cannes abrir uma secção ligada à TV, fastando completamente esse cenário, mesmo tendo exibido no evento obras como Top of the Lake e o primeiro episódio da 3ª temporada de Twin Peaks: «Não, não vamos, não abriremos todas as portas às séries e não haverá uma secção de séries. Se esses criadores mostraram o seu trabalho em Cannes é porque vêm do cinema. No cinema, conhecemos os autores, mas na televisão, quem é o autor? Geralmente, é um conjunto de argumentistas, diretores, e o showrunner … ».
Recordamos que Thierry Frémaux vai estar brevemente presente em Lisboa na Festa do Cinema Francês.
