Quarta-feira, 24 Abril

Morreu Michael Cimino, o realizador de «O Caçador»

Morreu Michael Cimino, conhecido como o realizador de oscarizado O Caçador, filme sobre a Guerra do Vietname protagonizado por Robert DeNiro e Meryl Streep, e As Portas do Céu, o grande fiasco que mudou para sempre os métodos de produção norte-americanos. Tinha 77 anos.

Nascido a 3 de Fevereiro de 1939, Michael Cimino, estudante de arquitetura e artes dramáticas, aventurou-se no cinema depois de ter realizado publicidades e alguns documentários. A sua primeira longa-metragem foi A Ultima Golpada (1974), um filme protagonizado por Clint Eastwood e Jeff Bridges sobre um golpista que reúne o seu velho gangue para um último golpe. Quatro anos depois, ganhou a fama mundial com o galardoado O Caçador, onde reunia Robert DeNiro em modo ascensão com Meryl Streep de igual forma numa crónica aos traumas que a Guerra do Vietname cometeu na população norte-americana. O filme venceu o Óscar de Melhor Filme do Ano, assim como o de Melhor Realizador.

Após o trunfo, chegou o fiasco, dois anos depois do Óscar, Cimino dirige As Portas do Céu, o seu filme “maldito”. Protagonizado por Kris Kristofferson e Isabelle Huppert, este foi umas das longas-metragem mais caras de sempre, sendo que o resultado de bilheteira ficou muito aquém das expectativas, o que levou à falência do estúdio United Artists. Até hoje a expressão “Heaven’s Gate” é usada em produções cujo orçamento “descarrilam”.

A partir desse fracasso, Cimino, que declarou recentemente sentir pena de ser reconhecido por tal, tentou encontrar o seu novo sucesso, em inúmeras e escusadas tentativas. O Ano do Dragão (1985), O Siciliano (1987), A Noite do Desespero (1990) e O Espírito do Sol (1996) foram os títulos dessas mesmas tentativas, até por fim desistir do cinema, mas antes dessa precoce reforma foi convidado para realizar um segmento do filme comemorativo de Cannes, Cada Um Com o Seu Cinema.

Fora do cinema, Michael Cimino também escreveu um romance, Big Jane, em 2001. Nesse mesmo ano foi consagrado com a medalha de Chevalier des Arts et des Lettres atribuída pelo Ministro da Cultura francês. Para muitos dos críticos, o realizador era considerado um megalómano, para outro, um dos melhores da sua geração. Mas a verdade é que nos dias de hoje, o seu dito “fiasco” é cada vez mais submetido a reavaliações, adquirindo um estatuto de subvalorizada “obra-prima”.

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