Quinta-feira, 28 Março

Adeus Conde Drácula. Morreu Christopher Lee (1922-2015)

Faleceu aos 93 anos o lendário ator britânico Christopher Lee, famoso por interpretar no cinema personagens como o Conde Drácula, Frankenstein e até a Múmia. Foi o terrível e sádico Scaramanga em 007 – O Homem da Pistola Dourada, Conde Dookan em Guerra das Estrelas, Saruman na saga Senhor dos Anéis e até Rochefort na versão de 1973 de Os Três Mosqueteiros.

Chegou a ser o vilão num filme que tinha como herói Chuck Norris (Olho por Olho, 1981) e trabalhou com realizadores como Laurence Olivier (Hamlet, 1948), Billy Wilder (A Vida Íntima de Sherlock Holmes, 1970), Peter Jackson (O Senhor dos Anéis), John Landis (Os Estúpidos, 1996), Joe Dante (Gremlins 2 – A Nova Geração, 1990), Steven Spielberg (1941 – Ano Louco em Hollywood, 1979) e Martin Scorsese (Hugo, 2011). E não se pode esquecer a sua colaboração frequente com Tim Burton, em filmes como Charlie a Fábrica de Chocolate (2005), A Lenda do Cavaleiro Sem Cabeça (1999), e Sombras da Escuridão (2012), para além de ter emprestado a sua voz às produções Alice no País das Maravilhas (2010) e A Noiva Cadáver (2005).

A notícia da sua morte foi avançada pelo The Telegraph, que adianta que o aclamado ator faleceu no passado domingo, isto após três semanas de internamento num hospital londrino.

Nascido em Londres em 1922, Lee começou a sua carreira no cinema ainda nos anos 1940, embora tenha sido na década seguinte que deu mais nas vistas, em especial pela já referida presença nos filmes da Hammer como o Conde Drácula (1958). Participações em A Múmia (1959) e A Máscara de Frankenstein (1957) marcaram igualmente o seu percurso no cinema de horror.

Em relação às personagens que desempenhou ao longo da sua vida, afirmou em 2007 que nunca perseguiu este ou aquele papel e que estes chegaram sempre até si sem grande esforço: «Não me lembro de ter alguma vez dito ao meu agente “ouvi que este ou aquele vai fazer um filme e gostaria de entrar nele”. Tudo o que sempre fiz foi-me oferecido, ou a mim pessoalmente ou ao meu agente».


Lee em Locarno

Em outros filmes que marcaram a sua carreira destaca-se O Cão dos Baskervilles (1959), O Sacrifício (1973) e o experimental Umbracle (1970), o qual o próprio Lee confessou nunca ter entendido: «Ele [ Pere Portabella] fez este filme a preto e branco, a maior parte do tempo com som e em alguns momentos em que canto. Outras vezes, apenas ando. Eu tinha uma cena – não me lembro se ainda está no filme – com o famoso pintor Antoni Tàpies. Falámos em francês. Depois, e vindo do nada, eu costumava cantar Wagner. Sem música, sem nada. É um filme muito estranho e têm mesmo de perguntar ao realizador o seu significado».

Já sobre O Sacrificio, Lee nunca teve dúvidas: «O Sacrificio é sem qualquer dúvida o melhor e o mais brilhante papel que alguma vez tive (…) Nunca o esquecerei. Absolutamente brilhante, o melhor filme que alguma vez participei. Ainda guardo o guião. Foi escrito – o que é raro nos dias que correm – a pensar em mim. O [Anthony] Schaffer e o [Robin] Hardy tinham-me na mente para o papel de Lord Summerile. Muitos críticos consideram-no um dos dez melhores filmes britânicos de sempre.» 

Premiado com dezenas de prémios ao longo da sua carreira – onde se incluem galardões em certames internacionais como o Festival de Locarno (2013) e Karlovy Vary (2008), e nacionais como o Fantasporto (1984) e o Festroia (2007) -, Lee teve ainda carreira no mundo da música.

Apesar de ser um cantor com formação clássica, Lee trabalhou em Heavy Metal durante anos. O seu primeiro álbum no género, Charlemagne: By the Sword and the Cross, foi lançado em 2010. Posteriormente lançou Charlemagne: The Omens of Death, dois álbuns de “metal” de Natal (uma das faixas, Jingle Hell chegou mesmo ao top 100 da Billboard), e mais recentemente Metal Knight,  projeto musical que contou com a ajuda da banda italiana Rhapsody of Fire e que tinha temas como um cover em metal da Canção do Toreado da ópera Carmen, e até uma versão de My Way de Frank Sinatra.

 

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