Sábado, 20 Abril

«Aqui, em Lisboa», ou como Gabriel Abrantes fez o cinema S. Jorge vibrar

Foi um cinema São Jorge completamente lotado que recebeu a estreia mundial de Aqui, em Lisboa, um projeto desenvolvido e promovido pelo IndieLisboa que apresenta quatro cineastas e quatro visões – entre a ficção e o documentário – da capital.

O público reagiu bem à estreia, aplaudindo os segmentos de Dominga Sotomayor, Denis Côté e Marie Losier, mas foi Gabriel Abrantes que fez a sala vibrar, tendo este recebido mesmo uma grande ovação quando no final surgiram os créditos finais do seu segmento, Freud und friends.

A sessão começou com as palavras do produtor Miguel Valverde, ele que se confessava particularmente nervoso com o que público iria achar de um projeto que começou a ser trabalhado aquando da 10ª edição do Indie. Dois anos depois, a produção surgia na grande tela, mas Valverde relembra que em muitos momentos pairou no ar a hipótese de tudo ser cancelado.

Posteriormente, e pouco a pouco, mais elementos ligados à antologia falaram da sua experiência nela, não faltando naturalmente as palavras de cada um dos realizadores, que a dado momento confessam que não viram ainda o resultado final do trabalho dos seus colegas.

Ao olhar mais minimalista, sóbrio e pessoal do segmento de Dominga Sotomayor, Côté responde com um trabalho documental e onde a música dos RED trio se funde com as vivências das personagens solitárias que acompanhamos. Já Losier escolhe uma visão mais artística e exuberante, apresentando um olhar construído e centrado na performance de Deborah Krystall, estrela maior do travestismo. A presença no elenco de João Pedro Rodrigues e João Rui Guerra da Mata são notórias, estando sempre presente a riqueza imagética muito própria que marca o trabalho da autora, ela que – como Sotomayor – já fora premiada no IndieLisboa.

Resta então falar do tal Freud und friends, de Gabriel Abrantes, um habitué na programação do IndieLisboa (Visionary Iraq, A History of Mutual Respect, Palácios de Pena).


Freud und friends

Abrantes cria uma ficção científica futurista onde uma neurocientista utiliza o próprio namorado como cobaia para entrar no mundo dos sonhos. Todo este trabalho está imaginado como um falso programa de TV, não faltando mesmo alguns trailers e anúncios falsos pelo meio, a maioria dos quais provocaram as maiores gargalhadas da noite.

Tecnicamente muito curioso, sempre ambicioso e naturalmente provocador (fala-se da austeridade, parodia-se Woody Allen), Freud und friends certamente ficará na retina e mente de todos os que assistiram, até porque serve perfeitamente – tal como as 3 outras curtas apresentadas – para mostrar uma irreverência criativa que desde sempre caracteriza o festival.

Esperemos é que a vereadora da cultura da cidade de Lisboa, Catarina Vaz Pinto, tenha gostado do filme. Ela que também subiu ao palco para se juntar aos produtores e realizadores envolvidos na produção.

Notícias