Quinta-feira, 18 Abril

EUA pediram ajuda à Sony para contrariar a propaganda «do Estado Islâmico e da Rússia»?

Depois de terem sido divulgados via WikiLeaks milhares de documentos da Sony Pictures Entertainment, aos poucos começam a surgir novas revelações, algumas das quais demonstram uma maior aproximação entre o governo norte-americano e os estúdios, estando Michael Lynton, antigo CEO da Sony, e Richard Stengel, sub-secretário do Departamento de Estado para a Diplomacia e Assuntos Públicos, no centro dos acontecimentos.

Um e-mail alegadamente trocado entre os dois dá a entender que o governo norte-americano estava interessado em trabalhar com a indústria do entretenimento para contrariar a propaganda do Estado Islâmico e da Rússia, sugerindo uma reunião de um grupo de executivos dos Media para ajudar a pensar em melhores maneiras de responder a estes desafios.

Lynton respondeu então com o nome de várias personalidades de topo ligados aos Media, como Andy Bird, presidente da Walt Disney Internacional, Phil Kent, antigo CEO da Turner Broadcasting System (que pertence à Time Warner), e James Murdoch, filho de Rupert Murdoch e Diretor de Operações da 21st Century Fox.

Esta troca de e-mails, a ser verdadeira, ocorreu um mês antes do ciberataque à Sony, o qual foi atribuído à Coreia do Norte, que por sua vez negou qualquer envolvimento nele.

Naturalmente a imprensa russa está a reproduzir o e-mail divulgado pela WikiLeaks, com a agência estatal Sputnik a dar um grande destaque no seu site, sendo emitida a ideia que o governo norte-americano utiliza os estúdios como uma forma de propaganda anti-russa. A agência aponta mesmo as ligações de Lynton com a Rand Corporation, «uma organização especializada em pesquisa e desenvolvimento para o setor militar e de inteligência dos EUA».

Curiosamente, esta notícia chega numa altura em que frequentemente se discute o ressurgimento em massa de vilões russos nos filmes americanos, algo muito comum nos tempos da Guerra Fria, e da Rússia proibir a exibição no país de Child 44, alegando que a obra baseada no primeiro livro de uma trilogia escrita por Tom Rob Smith, «distorce factos históricos e interpretações originais de acontecimentos antes, durante e após a Grande Guerra Patriótica (termo russo para a Segunda Guerra Mundial)» e que «é importante colocar finalmente um fim à série interminável de reflexões esquizofrénicas em torno dos russos».

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