Sexta-feira, 19 Abril

Peter Greenaway começa a filmar em março um novo projeto

 

Peter Greenaway – que conta com mais de 60 filmes no seu currículo, entre curtas e longas metragens, onde se incluem filmes como The Cook, the Thief, His Wife & Her Lover (O cozinheiro, o ladrão, a sua mulher e o amante dela), Pilow Book (O Livro de Cabeceira) e 8½ Women (8 mulheres e ½), vai já começar a filmar em março o seu novo projeto: Walking To Paris.

O britânico, cujo mais recente filme, Eisenstein in Guanajuato, tem estreia marcada para o Festival de Berlim, vai agora trabalhar numa cinebiografia em torno do romeno Constantin Brancusi, focando-se nos 18 meses em que o escultor vanguardista «vagueou» pela Roménia, Hungria, Áustria, Alemanha, Suíça e França: «Pelo caminho, vivendo sempre da terra como nos anos em que foi um jovem pastor, ele teve muitas aventuras – cómicas, violentas, sexuais, românticas – que certamente moldaram o seu futuro na escultura, construindo sempre peças a partir de materiais que encontrava – madeira, pedra, areia, neve e gelo – e deixando um rasto imenso de trabalhos experimentais em diversas paisagens europeias», afirmou o cineasta ao Screen Daily.

Recordamos que este não é o único projeto de Greenaway, que este ano deseja ainda começar a filmar uma nova versão de Morte em Veneza, obra de Thomas Mann que Luchino Visconti já tinha adaptado ao cinema em 1971.

Greenaway diz que o seu filme será radicalmente diferente da obra de Visconti, aproximando-se mais do estilo do seu O cozinheiro, o ladrão, a sua mulher e o amante dela. O autor diz que se vai focar no jovem da obra, agora com 50 anos e transformado num criminoso que vive de chantagens sexuais.

Eisenstein a dobrar

Greenaway tem tudo preparado para estrear  Eisenstein In Guanajuato, película que se centra nos dez dias que o cineasta passou em Guanajuato, México,  em 1931: «Vejo este período como uma época rica em particularidades e curiosidades de um homem excecional» , afirmou Greenaway há meses atrás, declarando que o cineasta foi «um dos melhores realizadores de sempre».

Talvez por isso o britânico vá realizar um segundo filme em torno dele, para já intitulado The Swiss Hoax – The Eisenstein Handshakes. Esta produção vai contar como, em 1929, Eisenstein foi convidado para o que pode ser chamado o primeiro festival de cinema do mundo em La Sarraz na Suíça, onde críticos internacionais e cineastas discutiram sobre a 7ª arte, principalmente em torno da velha questão se o cinema é arte ou entretenimento comercial.

Durante esse período diz-se que Eisenstein pode ter feito um filme – Storm Over La Sarraz – embora tudo isto possa ser apenas um boato. Diz-se também que ele e os seus companheiros de viagem – Tisse, o cameraman, e Alexandrov, o seu assistente e argumentista – foram perseguidos pela polícia helvética, pois era ilegal estarem soviéticos na Suiça. Para além disso, existem relatos que todos foram chantageados para fazer Frauennot – Frauenglück (Women’s Misery – Women’s Happiness), o primeiro filme suíço, o qual abordava o aborto: «Este primeiro festival de cinema e o primeiro filme suíço criam uma oportunidade para discutir as filmagens na década de 1920 – a arte e o comércio – e pode-se mesmo citar inúmeros filmes, de The Jazz Singer a Joan of Arc, de Flaherty a Murnau, passando por Muybridge, Duchamp, Man Ray, Clair, Richter, Dali e Bunuel».

(e ainda mais projetos)

Num extenso artigo no Screen Daily, Greenaway afirmou ainda que tem outros projetos em diferentes fases de desenvolvimento. Um deles é 4 Storms and 2 Babies, que aborda a história de uma mulher que engravida após um menage à trois com dois homens, surgindo a partir daí um sem número de questões que certamente o realizador vai responder à sua maneira. O realizador tem ainda esperanças de filmar Bosch, obra sobre o «mais anárquico génio da pintura holandesa», Hieronymus Bosch, e ainda Painters’ Wives, uma ficção em torno de Saskia Rembrandt e Caterina Vermeer.

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