Sexta-feira, 29 Março

Cinemateca reabre com nova grelha de programação

A partir de hoje, a Cinemateca Portuguesa reabre com uma nova grelha de programação. As duas salas presentes no Museu do Cinema (M. Félix Ribeiro e Luís de Pina) passam a ter funções distintas: Na primeira, decorrerem ciclos de autor ou temáticos, assim como ante-estreias e sessões especiais. Simultaneamente, é inaugurada uma nova sessão semanal à meia-noite (sextas à meia-noite) e as tardes de sábado passarão a ser ocupadas com uma sessão dupla (double bill), dedicada a rimas ou confrontos entre obras e contextos cinematográficos distintos. Pelo contrário, a sala Luís de Pina é agora o laboratório permanente de projeção e debate.

No início do mês regressa a rubrica em que um historiador ou investigador apresenta cinco sessões dedicadas a um grande autor, género ou movimento (ciclo Histórias do Cinema), suscitando um diálogo em torno do mesmo. Em janeiro, Laura Mulvey, crítica cinematográfica britânica, propõe cinco filmes do cineasta alemão Max Ophüls.

Junta-se uma nova rubrica: o Realizador Convidado, onde um cineasta conceituado apresenta a sua obra, assim como filmes por ele propostos, suscitando o debate com o público ou outro convidados. Em janeiro, o realizador Pedro Costa (na imagem acima) mostra todo o seu trabalho, da longa-metragem de estreia O Sangue ao recentemente estreado Cavalo Dinheiro. Por sua escolha são exibidos, entre outros, filmes de Bresson, Paulo Rocha, Tati e da dupla Straub-Huillet, os seus cineastas preferidos que retratou no seu documentário Onde Jaz o Teu Sorriso, também em exibição.

Nesta sala ocorrerão ainda as sessões “foco no arquivo”, continuando a atividade regular da Cinemateca em exibir as suas coleções depositadas e um novo ênfase na mostra de trabalhos de universos de formação relacionados com o cinema.

Laura Mulvey na Cinemateca

Laura Mulvey, a professora do Birkbeck College da Universidade de Londres, historiadora, ensaísta e realizadora, estará presente hoje, dia 5 de janeiro, na Cinemateca-Portuguesa Museu do Cinema, para inaugurar uma nova rubrica na grelha de programação do espaço.

Um dos nomes fundamentais da teoria do cinema europeu das últimas quatro décadas e autora do respeitado artigo seminal da revista Screen em 1975, “Visual pleasure and narrative cinema“, Mulvey é a anfitriã da primeira semana do ciclo Histórias do Cinema, que terá inicio pelas 18h00 com o inicio de uma retrospetiva da carreira de Max Ophuls, um dos nomes maiores do cinema alemão. Ciclo esse, que abrirá com Liebelei (Namorico), datado de 1932 e interpretado por Magda Schneider e Wolfgang Liebeneiner. Este foi o último filme de Ophlus antes do nazismo e é hoje considerado a sua e absoluta obra-prima. Trata-se a adaptação de uma peça homónima de Schnitzler, que nos remete a uma despedaçada história de amor decorrida numa Viena do finais do século XIX.

Os outros filmes desta primeira de ciclo são La Signora di Tutti (1934) no dia 6, Letter from an Unknown Woman (Cartas de uma Mulher Desconhecida, 1948) no dia 7, Madame de … (1953) no dia 8 e por fim, no dia 9, Lola Montes (1955). Todos eles serão apresentados por Laura Mulvey. O que não é por acaso, visto que Max Ophlus já fora fruto de um trabalho de pesquisa e de teoria sobre o papel da mulher no melodrama e a sua evolução da sua figura em simultâneo com o do cinema.

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