Sexta-feira, 29 Março

Cannes: Juventude espanhola recorre à pornografia para superar a crise

O catalão Jaime Rosales é o único representante espanhol na seleção oficial da 67ª edição do Festival de Cannes, a decorrer de 14 a 25 de maio.

O seu novo filme, Hermosa Juventud, vai competir na mostra Un Certain Regard, tendo Thierry Fremaux, diretor geral de Cannes, definido a obra como um retrato da «bela e infeliz juventude espanhola» em tempos de crise.

Protagonizado pela debutante Ingrid Jonsson García [na imagem acima], Carlos Rodríguez e Inma Nieto, o filme mistura imagens em 16mm com outras captadas por atores amadores, que recorreram a miniDVDs, smartphones e até webcams para contar a história de Natália e Carlos, um casal de namorados com 20 anos que luta para sobreviver na Espanha de hoje e que para ganhar algum dinheiro decidem executar um filme porno amador.

Segundo os produtores, numa nota enviada à imprensa, Hermosa Juventud é um projeto que «nasce da inquietude de nos aproximarmos desta juventude na Espanha dos dias de hoje, onde tendo uma melhor ou pior preparação, os jovens encontram um futuro sem experiência e com oportunidades limitadas». Estes ainda acrescentam que, apesar de existirem muitas juventudes e muitas realidades, neste filme «centraram-se na juventude mais estanque, que vê o futuro tão negro que não encontra o impulso de mudar nada ou de se adaptar às circunstâncias».

Já Rosales, que está atualmente em Paris a apresentar uma retrospetiva do seu trabalho, adianta que vai a Cannes com «muita ilusão e humildade» e que o seu filme é «muito pequeno», filmado com poucos recursos e onde foi mais «aluno que professor». O cineasta acrescentou ainda que a equipa com quem trabalhou era muito jovem, mas que o deixou perplexo pela «energia e talento».

Vale a pena recordar que este é o quinto filme do cineasta catalão e o quarto que chega ao Festival de Cannes. O seu primeiro, Las horas del día (2003), foi selecionado para a Quinzena dos Realizadores, onde veio mesmo a ganhar o prémio FIPRESCI. La soledad (2007), com o qual Morales venceu o Goya de melhor realizador, participou na mostra Un Certain Regard. Sonho e Silêncio (2012), que passou pelo Lisbon & Estoril Film Festival, esteve presente na Quinzena dos Realizadores.

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