Quarta-feira, 24 Abril

Pablo Larraín: uma peça de teatro, uma ópera, um filme sobre Pablo Neruda e o remake de «Scarface»

Uma peça de teatro, uma ópera, um filme sobre Pablo Neruda e uma nova versão de Scarface. É esta a agenda de Pablo Larraín, cineasta conhecido pela trilogia em torno da história da Chile, onde se incluem Tony Manero, Post Mortem e No.

Presentemente o chileno encena Acceso, obra que marca a sua estreia no teatro. À frente dela um único ator, Roberto Farías, que Larraín reconhece ser o motor da encenação: «Este trabalho é feito por ele, para ele e com ele. Se eu não pudesse ter o Farías, eu não iria fazer esta peça», afirmou Larraín, que reconhece as semelhanças das personagens dos seus filmes com o desta peça de teatro: «Eu não vou negar que há elementos comuns entre as personagens de alguns dos meus filmes, como o Tony Manero e o Post Mortem, e Acceso. De certa maneira, o cineasta prossegue com o estudo de marginalizados: «normalmente são personagens comuns sujeitas a situações extraordinárias, nos limites. São postos à prova e sobrevivem: num cenário amoral e cruel eles testemunham as suas experiências», conclui.

Depois dessa peça, e a partir de 2 de maio, Larraín vai apresentar igualmente no seu país a ópera Katia Kabanová, de Leos Janácek, sobre a história de uma mulher infeliz no seu casamento com um marido negligente. Esta será igualmente uma primeira experiência para o chileno, desta vez na direção lírica.

Neruda

Se não existir algum contratempo, é já no segundo semestre do ano que avançará Neruda, o seu projeto cinematográfico em torno do poeta Pablo Neruda. Em foco vai estar a vida do autor entre 1946 e 1948, quando se filiou no Partido Comunista chileno, tornou-se senador e foi obrigado a recorrer à clandestinidade. Com a responsabilidade do guião está o dramaturgo Guillermo Calderón, co-autor de Violeta se fue a los cielos [ler crítica], de Andres Wood, outro filme sobre uma figura carismática do Chile: Violeta Parra, o maior nome da música local. 

Numa entrevista recente aos orgãos da comunicação social sul americanos, e fazendo o ponto da situação do projeto, Calderón afirmou que já existe uma versão finalizada do argumento e que brevemente vai reunir-se com Larraín para ver como «as coisas estão e como quererão prosseguir». Já sobre o projeto em si, deixa algumas dicas: «Neruda é um tipo especial que se presta a ser caricaturado. Este guião não pretende humanizá-lo, mas vê-lo com o olhar de hoje e torná-lo mais complexo. A ideia é traçar a sua vida (…) [o filme] não pretende ser uma biografia, algo onde vamos descobrir quem ele era, mas sim como ele é visto hoje“, explicou Calderón ao La Tercera.

Note-se que atualmente existe um outro projeto cinematográfico no Chile em torno do poeta e que chega às salas chilenas no dia 17 de abril. Igualmente intitulado Neruda, o filme é protagonizado por José Secall e realizado por Manuel Basoalto, que já em 2005 tinha executado um documentário em torno do vencedor do Prémio Nobel da Literatura em 1971.

Sobre o projeto de Pablo Larraín, Basoalto afirmou: «Não me aborrece que existam outras visões. Da minha parte, eu trabalhei muito para o meu projeto»

Scarface

Resta então o projeto que a Universal Pictures está a desenvolver. Baseado num livro homónimo de Armitage Trail, esta será a terceira incursão no cinema de Scarface, depois do filme de Howard Hanks em 1932 (Scarface, o Homem da Cicatriz) e a celebre variação dirigida por Brian DePalma de 1983 (A Força do Poder), que contava com Al Pacino no popular e infame papel de Tony Montana.

Ainda não se sabe ao certo qual será o apelido e nacionalidade deste novo Tony, visto que o de 1932 era um italiano em Chicago e o de 1983 um cubano em Miami. Existem rumores que apontam que nesta terceira obra o protagonista será um mexicano em ascensão no mundo do crime de Los Angeles. Larraín ainda estuda as datas da produção da obra, podendo mesmo – e caso haja necessidade de alterar o guião de Neruda – filmá-lo antes desse projeto.

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