Quinta-feira, 25 Abril

Amos Gitai quer Ricardo Darín e Juliette Binoche para filme sobre o atentado à AMIA

O cineasta israelita Amos Gitai, realizador de filmes como Kippur (2000), Free Zone (2001) e o recente Ana Arabia (2013) – está a desenvolver um projeto sobre o atentado terrorista contra a Associação Mutual Israelita Argentina (AMIA) em Buenos Aires, que provocou 85 mortos e centenas de feridos em 1994.

O projeto, que será uma produção brasileira, através da Prana Filmes, tem como orçamento 3,5 milhões de dólares e será filmado em Porto Alegre e na Cidade do Leste, no Paraguai, informa o La Nacion. «Não acho importante não filmar em Buenos Aires. Não estamos a fazer um documentário, por isso não estamos obrigados a filmá-lo no lugar onde os eventos realmente aconteceram. O filme é baseado no atentado à AMIA e embora tenham passado 20 anos a investigação mantém-se envolvida numa confusão», disse o diretor de 63 anos.

Ainda de acordo com a publicação, e numa conversa com os produtores Luciana Tomasi e Carlos Gerbase, o ator argentino Ricardo Darín e a francesa Juliette Binoche manifestaram o interesse em participar na obra, embora não seja ainda possivel confirmar a sua presença.

Em particular, o filme vai acompanhar o trabalho e a investigação realizada pelo promotor argentino Alberto Nisman (personagem que seria interpretada por Darín) e a sua relação com uma jornalista televisiva (Binoche) que foi uma das primeiras pessoas a cobrir o atentado. Eventualmente as pistas que os dois vão juntando levam-nos até a uma complexa teia de relações internacionais e uma vasta rede de corrupção na Argentina, que permitiu mesmo que o caso não tenha qualquer culpado atrás das grades até hoje: «O nosso interesse não é revelar novas informações, mas mostrar o que aconteceu depois dos eventos e as implicações do ato», disse Tomasi, sobre os resultados nulos das investigações.

Vale a pena referir que uma das teorias mais referidas em relação à autoria do atentado, é que este fora cometido pelo movimento islâmico Hezbollah com o apoio estratégico e económico do governo iraniano. Este movimento tinha sido implicado como o autor do atentado à embaixada de Israel na Argentina, em 1992, mas sempre negou as acusações em relação a este ataque. Presumidamente, o Irão teria apoiado o ato como retaliação à quebra de um negócio e que envolvia a venda de tecnologia nuclear.

Já outra teoria faz uma ligação à Síria, igualmente como retaliação ao presidente da Argentina na época, Carlos Menem, por ter cancelado a venda de reatores nucleares a este país. O desenvolvimento do projeto Condor e a venda de misseis balísticos ao Egipto também poderá estar ligado à tragédia.

Embora a componente política seja um dos focos da fita, Gitai – conhecido pelo seu trabalho sobre o conflito israelo-árabe – afirma que acima de tudo esta é uma «história sobre as relações e como o ataque afetou a comunidade».

Nenhum dado foi apontado sobre a data de início das filmagens, mas sabe-se ainda que o argumento foi escrito pelo próprio Gitai em colaboração com Marie-José Sanselme.

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