Quinta-feira, 25 Abril

«A Escondidas» por André Gonçalves

Após a desilusão anterior de “Limbo”, era necessário um filme minimamente sumarento noutro filme para competição de Longas-Metragens. “A Escondidas” cumpriu em pleno ao cruzar um dos temas LGBT favoritos – o “coming out”/”saída do armário” com o tema quente das migrações para a Europa.

O realizador Mikel Rueda conta a “história de Verão” de dois jovens que não se integram no grupo para o qual estão geneticamente ou socialmente predispostos: um adolescente do sul de Espanha e um imigrante marroquino em risco de deportação. Uma história propositadamente desorganizada para se distinguir ainda mais das restantes. Há aqui também uma inocência face aos acontecimentos nesta segunda longa-metragem de Rueda, que é a chave do sucesso da obra, fazendo todos os momentos desta admiração adolescente mútua contar, parecendo eles ridículos (ou não) a um olhar mais adulto. Uma ida ao bowling, uma visita à feira popular, ou uma luta de comida, são alguns eventos inseridos de uma forma única para esse efeito – minados, é certo, por uma banda sonora “indie” que pontua em demasia os seus momentos de felicidade, mas belíssima por si só.  

Sem nunca meter propriamente a pata na poça ao misturar questões de xenofobia com homofobia no mesmo saco, “A Escondidas” é uma proposta carinhosa e bem-comportada sobre um tema clássico tornado atual, que cumpre minimamente aquilo a que se propõe. A ver, portanto.

André Gonçalves @QueerLisboa19

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