Sexta-feira, 19 Abril

«Limbo» por André Gonçalves

Há longas-metragens que deviam ter ficado curtas-metragens, e há simplesmente longas-metragens sobre as quais duvidamos da validade do formato “curta”. Limbo (um título pelo menos fiel ao que temos aqui), primeira longa-metragem de Anna Sofie Hartmann após 5 curtas, é infelizmente o segundo caso.

Estamos perante um objeto tão abstrato e fechado sobre si mesmo, que a sua sinopse se reduz a uma ou duas linhas. Neste caso, a atração entre uma aluna e uma professora que veio das Ilhas Faroé para a pequena cidade dinamarquesa de Nakskov, cujas “consequências podem ser imprevisíveis…” (citação do catálogo oficial do Queer Lisboa 19).

Que o filme é imprevisível, é. É também um derradeiro teste de paciência, em apenas 80 minutos que teimam em passar. Há a curiosidade de esperar uns minutos até nos revelar a protagonista. Há o saber filmar planos “travelling”. Há a questão de deixar tudo ambíguo, que geralmente adoro. Todavia, há também um propósito que adoro acima de tudo o resto no cinema: contar uma história, uma qualquer, algo que este filme não faz com tanto “show off”. Hartmann não revela qualquer intenção de avançar qualquer fio narrativo ou de mostrar um significado facilmente perceptível para o público. De certo modo, a parede branca que a professora convida a aluna apaixonada a pintar serve de melhor metáfora ao que se passa aqui – pena é que mesmo o branco deixe manchas…

 

André Gonçalves @QueerLisboa19

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