Sábado, 27 Abril

«Os Olhos de André» por Jorge Pereira

Seja ficção, documentário, ou um hibrido que mistura os dois, o cinema de António Borges Correia (O Lar, Parto, Gesto) é fascinado por histórias verídicas e neste Os Olhos de André – que surgiu «surpreendentemente concluído» para a competição nacional no IndieLisboa, isto nas palavras de Nuno Sena – o autor apresenta uma ficção documental que conta uma história real, interpretada pelas próprias pessoas que a viveram.

André é um jovem que viu a sua família desmantelar-se quando o irmão mais novo foi retirado pela assistência social e colocado numa família de acolhimento. Essa dor é sentida por todos os elementos, em particular pelo seu pai, um serralheiro que tenta cuidar dos filhos como pode, enquanto tenta acabar o 7º ano à noite e «conquistar» uma mulher que conheceu na internet.

Embora doce, delicado e capaz de provocar a empatia e atenção do espectador, Os Olhos de André é um filme minado pelo formalismo do cineasta. A escolha em colocar quem viveu a história como atores do seu próprio enredo acaba por não funcionar, já que – como seria de esperar – estes por mais que se esforcem não agem muitas vezes de maneira natural, acabando por provocar risos involuntários no espectador, o qual só realmente entra em jogo porque logo no início foi avisado para a veracidade dos eventos.

E embora tenha vencido o Prémio de Melhor Longa-Metragem portuguesa no IndieLisboa, razão para qual a produção deve celebrar com um «Porto e um Charuto» , o que temos aqui é uma recriação bem longe do realismo e apenas e só uma forma curiosa desta família guardar em vídeo uma recordação desagradável na forma de um telefilme das suas vidas.

O Melhor: É uma história delicodoce com a qual sentimos empatia
O Pior: As interpretações em alguns momentos são demasiado sofríveis.


Jorge Pereira

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