Sábado, 20 Abril

«Fort Buchanan» por Jorge Pereira

É peculiar esta espécie de universo paralelo em que se desenrola a primeira longa-metragem de Benjamin Crotty, ator e realizador que já por diversas vezes colaborou com Gabriel Abrantes, tendo conquistado até alguns prémios no IndieLisboa.

A frustração sexual e o desencanto é o mote de um grupo de maridos e esposas de soldados que vivem em comunidade numa base militar fictícia e que esperam ansiosamente pela chegada desses parceiros. Pelo meio, essa frustração transforma-se em desejo entre os elementos aí circunscritos (Heterossexuais e Gays), onde até se inclui a filha adotiva de um dos soldados.

Crotty, num misto de irreverência, bazófia e uma clara marca de autor (embora se possa dizer o mesmo do cinema de Abrantes, dando a sensação que falamos mais num espírito de grupo que num indivíduo), encontra na mistura de elementos do cinema Queer, da Nouvelle Vague e das séries de TV americanas, a estética, os diálogos e a narrativa para entregar um espetáculo repleto de momentos cómicos e provocadores (há diálogos que parecem sair de filmes pornográficos), mas que ao mesmo tempo até funcionam como uma forma alucinante e alternativa de abordar situações reais da politica global.

E fá-lo sem nunca querer parecer sóbrio, mas como um miúdo gozão que, apesar de mostrar que quer se afirmar como diferente, leva o cinema a sério, mesmo quando é demasiado óbvio e escolhe o caminho mais fácil para o drama ou humor.

Por tal, e só por isso, é um cineasta a seguir, sendo curioso observar quanto mais vai durar toda essa irreverência «grupal».

O Melhor: É divertido
O Pior: Facilmente categorizado de filme hipster, pedante e para amigos


Jorge Pereira

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