Sexta-feira, 26 Abril

«Lisa Limone and Maroc Orange – A Rapid Love Story» por João Miranda

Maroc, uma laranja marroquina, atravessa o mar perigoso à procura de uma nova vida noutro país onde vivem limões. Depois de algumas situações, acaba por conhecer Lisa e apaixonam-se. Como o próprio título do filme indica, esta é uma história de amor rápida. Demasiado rápida. Com uma sinopse quase tão grande como o título, Lisa Limone… é um projecto ambicioso, mas pouco desenvolvido, em grande parte devido à vontade do realizador Mait Laas de passar uma mensagem, descurando a narrativa.

A ficção tem o mérito de conseguir explorar temas complexos e passar valores e mensagens, mas quando estes últimos se sobrepõem à primeira, resta algo com um valor narrativo inferior, que se aproxima mais de um sermão do que de uma história. É isso que acontece aqui: a vontade de dizer que há migrantes africanos que tentam chegar a um qualquer país europeu onde são explorados, até escravizados, depois de passarem por viagens perigosas sobrepôs-se ao desenvolvimento de uma história que o sustentasse. Sem qualquer profundidade, as personagens agem e falam sem motivo aparente e o amor anunciado acontece apenas porque há a vontade de passar a mensagem quase infantil e simplista de que nos devíamos todos dar melhor uns com os outros.

Para adicionar à lista de más opções, o filme é um musical. Infelizmente, como a história e as personagens, a música também não está bem desenvolvida, limitando-se a pequenas canções repetitivas. Ao final de algum tempo, isto acaba por sentir-se e fez mesmo com que algumas pessoas saíssem durante o filme.

Se há algo redentor neste curto filme, é a qualidade da animação. O espaço criado e ocupado pelas personagens é explorado de forma inovadora, com resultados por vezes surpreendentes. As cenas iniciais, passadas num barco que atravessa um qualquer mar (há alguma confusão na simbologia utilizada que nos faz duvidar se se trata do Mar Mediterrâneo ou do Oceano Atlântico), mostram que há aqui potencial. Com um bom argumento e um bom storyboard, Mait Laas ainda poderá fazer um grande filme. Infelizmente, não é este.

O Melhor: a animação.
O Pior: a (falta de) história; a música.


João Miranda

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