Quarta-feira, 24 Abril

«Wolfcop» por Jorge Pereira

Os primeiros 30 minutos de Wolfcop são uma delícia para qualquer saudosista do cinema dos anos 80. Um polícia beberrão e com pouca paciência para o crime vagueia pelo ecrã entre beldades, motards perigosos, políticos manhosos e colegas de trabalho incapazes de impor o respeito. Estas são as bases desta comédia de horror canadiana assinada por Lowell Dean, onde nem falta algum humor slapstick.

Mais que uma homenagem a um tipo de cinema dos anos 80, Wolfcop sente-se mesmo como algo filmado na época e retirado agora de uma imaginária cápsula do tempo. Porém, ao longo da sua curta-duração (79 minutos), o filme perde força e as grandes vantagens transformam-se nos seus maiores defeitos. Se inicialmente tudo o que nos chega parece maravilhosamente mau que se torna bom, rapidamente o sentimento passa a redundância e a um arrastamento interminável até ao seu final, mesmo que seja sempre divertido ver um polícia transformado num lobisomem por uma seita mais próxima dele do que imagina. E nem vale a pena falar na cena softcore em que esse mesmo lobisomem tem sexo numa cela da prisão com uma empregada de bar voluptuosa (como diria John Stewart, esse é o «momento zen» do filme).

Na verdade, este é a comédia de horror perfeita para um certame como o Fantasporto, especialmente se numa sala estiverem fanáticos com tendências cineclubistas e saudades das patetices hilariantes de uma década muitas vezes descrita como das mais «bimbas» cinematograficamente. Tretas!

O Melhor: Os primeiros 30 minutos
O Pior: Os restantes soam a redundância e alguma preguiça em levar mais longe a própria surrealidade de toda a sua história.


Jorge Pereira

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