Sexta-feira, 19 Abril

«Pale Moon» por Jorge Pereira

Pale Moon, o mais recente filme de Daihachi Yoshida, é baseado no romance de Mitsuyo Kakuta sobre uma mulher submissa que entra num intenso jogo de fraudes no banco onde trabalha para conseguir pagar um estilo de vida folgado, impressionando assim o seu jovem amante.

Os factos remontam a 1994, altura em que a austeridade afetou o Japão após a bolha económica prospera dos anos 80 ter rebentado.

Rie Miyazawa assume o protagonismo e é sem dúvida a grande força motriz de uma história que, à sua maneira, tem uma mensagem de rebeldia contra a monotonia da condição limitada da mulher japonesa, bem como a ideia que o dinheiro move montanhas e corrompe todos. Mas o mais brilhante é que Miyazawa não necessita cair no overacting ou exagero para vingar, nem tão pouco ter uma espécie de glorificação e glamour como o que Spielberg deu a DiCaprio em Apanha-me Se Puderes, e Scorsese ao mesmo ator em O Lobo de Wall Street. A sua performance é muito mais subtil que isso, a ideal, convenhamos, para uma pessoa que quer passar despercebida perante o banco, mas marcante na vida fora dele.

Ainda assim, e sem grandes lições de moral, há sérias consequências para os intervenientes e Yoshida explora muito bem o seu enredo ao fazer uma obra bem balanceada que caminha em lume brando para um final digno de um verdadeiro thriller. Um último destaque para o momento em que a atriz «apaga» a lua. Simbólico, é certo, mas tremendamente certeiro para toda a sua ilusão.

O Melhor: Miyazawa
O Pior: Demora a arrancar


Jorge Pereira

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