Quinta-feira, 25 Abril

«Duras et le Cinéma» por João Miranda

Marguerite Duras é um dos grandes nomes da literatura francesa do século passado. Com uma voz muito própria, Duras conseguiu explorar vários temas com uma grande emotividade. Vários dos seus romances foram adaptados ao cinema, mas Duras nunca gostou muito das adaptações feitas. Por isso, em 1967, decidiu dedicar-se ela própria ao cinema, rodando La Musica, o primeiro de 19 filmes que iria realizar até 1984, quando resolveu abandonar o cinema. Duras et le Cinema documenta a relação difícil que a escritora tinha com este meio e as reações de alguns dos que a conheciam.

Pessoalmente, tenho alguma dificuldade com o cinema de Duras, mas pensava que seria possível fazer um documentário interessante sobre a relação tão conflituosa que esta teve com o cinema e até, talvez, esclarecer algumas das opções que ela tomava nos seus filmes. Pensava. Duras et le Cinema é tão aborrecido como qualquer filme da realizadora, arrítmico e pesado. Não chegando a uma hagiografia (nas palavras), é obviamente feito por alguém que admira o seu trabalho.

Ainda assim, há momentos interessantes no filme. Reparos que são feitos ou entrevistas a pessoas que não a admiravam assim tanto e nos permitem um vislumbre do que seria uma pessoa conflituosa e polémica. A nível visual, é um documentário clássico, com recurso a imagens de arquivo e talking heads, sendo só entrecortado com perguntas e reparos a branco num fundo preto, tarefa que seria facilmente substituída por uma voz off e sem o mesmo custo rítmico. Por mim, fico-me pelos seus livros e algumas das adaptações para o cinema.

O Melhor: As entrevistas.
O Pior: O ritmo (ou a falta dele).


João Miranda

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