Sexta-feira, 26 Abril

«Pulp: a Film about Life, Death & Supermarkets» por Jorge Pereira

Muito mais que apenas um filme concerto ou um mero biodoc musical, Pulp: a Film about Life, Death & Supermarkets é uma homenagem, uma espécie de “volta triunfal” de uma banda que deixou a sua marca na música britânica e que começou e terminou o seu percurso em Sheffield, uma cidade do norte de Inglaterra e que neste documentário funciona igualmente como protagonista.

Seguindo o antes, o durante e o depois do último concerto, por alturas de 2012, e não tendo pejo em apresentar algumas (raras) imagens de arquivo, este documentário musical assinado por Florian Habicht tem o dom de nunca cair na tentação de encher o seu «enredo» com temas musicais ao vivo,  preferindo antes – quase que antropologicamente – entender a ligação do grupo e das suas letras ao espaço, às suas gentes (“common people like me”) e até à sua fuga da fama e fortuna (a fuga ao pop de “Different Class” com o polémico álbum “This is Hardcore“), algo que parece tão enraizado na cultura local.

Claro está que Jarvis Cocker, um adolescente que chegou a vender peixe num mercado e que agora  é visto como um exibicionista/excêntrico  nato (como outro membro dos Pulp diz a certo momento), é um dos focos da objetiva do cineasta e o próprio admite que fazer uma banda foi uma forma de conhecer mulheres, que estas falassem primeiro com ele em vez de ele ter de dar o primeiro passo. Mas este é um filme que não se preocupa meramente com a perspetiva das «estrelas do mundo da música», mas antes prefere colocar lado a lado os olhos da banda e do público que os segue e conhece, venham eles dos EUA ou Alemanha, sejam eles locais, novos ou velhos, ou até prefiram na verdade os Blur.

Tudo isto enriquece muito a experiência que se revela este Pulp: a Film about Life, Death & Supermarkets, uma fita que vai muito além daquilo que se podia esperar, ou seja,  um filme colecionista meramente para fãs.

Uma bela surpresa onde não faltam momentos para dançar, pensar e até refletir. A não perder…

O Melhor: Muito longe do filme concerto que muitos esperariam. O humor, sempre presente.
O Pior: Queríamos saber e ver mais


Jorge Pereira

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