Terça-feira, 23 Abril

«Comme un Lion» por Roni Nunes

 

Obra que envereda por uma temática comum ao cinema norte-americano de desporto. Nestas narrativas, começa-se normalmente por sublinhar uma vida difícil, estabelecendo uns tantos obstáculos, para depois realçar a luta e a determinação do protagonista em alcançar o triunfo.

O ponto de partida deste Comme un Lion, no entanto, é um tanto é mais sombrio que o de outros exemplares do género, indo buscar o drama de um garoto órfão de uma aldeia do Senegal, Mitri Diop (Mytri Attal), que foi selecionado por um par de olheiros bem-falantes para jogar futebol na Europa. Depois da avó, que criava o rapaz, vender tudo o que tinha e contrair dívidas para pagar um “adiantamento” necessário para o seu embarque, Diop termina por se encontrar em Paris sem nenhum um tostão e entregue à própria sorte.

Com o desenvolver da narrativa e, apesar do pano de fundo visual ser o duro inverno francês, a história suaviza-se e surgem na vida do protagonista pessoas dispostas a ajudar, como o amargo e relutante treinador Serge (Marc Barbé). É nesta fase que o filme se torna menos intenso – pois sem o personagem principal no fio da navalha Comme un Lion torna-se num drama mais rotineiro.

De qualquer forma, se fosse um filme hollywoodiano, a fantasia tomaria conta e o final serviria para consagrar o mito supremo da cultura do país – o do vencedor. Assim, a encarnar os princípios supremos do self made man, Diop triunfaria e o filme acabaria com ele a jogar no Real Madrid e a marcar o golo do final da Champions League. Felizmente a jogar em outros relvados, o realizador Samuel Collardey explora as possibilidades de soluções bem mais sóbrias e credíveis – não necessariamente desagradáveis.

O melhor: um drama eficaz com uma abordagem sóbria
O pior: sem as situações mais extremas da primeira parte, torna-se num drama mais rotineiro


Roni Nunes

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