Quarta-feira, 24 Abril

«Tristesse Club» por Roni Nunes

O filme começa com um conflito a parecer a de um tradicional storytelling. Dois irmãos sem uma grande afinidade (vividos por Laurent Lafite e Vincent Macaigne) exceto um ódio comum ao progenitor paterno são informados da morte deste. Ao chegar no funeral, no entanto, em vez de um cadáver encontram a mais apetecível figura de uma meia-irmã, Chloe (Ludvine Sagnier) sobre a existência da qual eles nem sequer suspeitavam. A partir daí, Tristesse Club ganha contornos de road movie com a família à procura do pai desaparecido.

Mas a obra vai tomando outros rumos quando eles deixam de circular e onde a paragem os coloca em tensões de vários tipos entre eles. Macaigne, com o seu visual pitoresco e alguns maneirismos herdados de outros trabalhos seus, como 2 Automnes 3 Hivers e A Rapariga do 14 de Julho, é o introvertido/neurótico desesperado por uma experiência romântica. Lafite (também protagonista de Elle L’Adore), por sua vez, interpreta o bandalho, mau para a família, sem dinheiro e capaz de andar à porrada com um suspeito criminoso. Como não poderia deixar de ser, é Sagnier o elemento desestabilizador, exibindo uma sensualidade transbordante mesmo com trajes insípidos e com um momento que remete ao rocket sexual que a celebrizou em Swimming Pool.

Os gauleses são únicos a explorar conflitos repletos de sutilezas e onde nem sempre (ou nunca) as coisas são aquilo que parece. Equilibrando comédia com drama com as suas idiossincrasias à francesa, este é o tipo de filme que agrada e enfada na mesma medida.

O melhor: É divertido e tem Ludvine Sagnier
O pior: Os meios-termos “do que parece mas não é” nem sempre resultam


Roni Nunes

 

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