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«Open Windows» por Hugo Gomes

Por vezes não basta ser um exercício narrativo se não existir um argumento capaz de apoia-lo e Open Windows, de Nacho Vigalondo (por detrás do interessante Los Cronocrímenes), é um exemplo desse caso. Abordando inicialmente a cada vez maior dependência atual para com a tecnologia e a insaciável busca pela fama, nem que seja por somente 15 minutos, por vias da internet, este é um filme guiado pela sua limitação visual e narrativa – a windows (janela) do computador que conduz o espectador à trama, ao mesmo tempo que tenta cobrir as necessidades narrativas do mesmo. Infelizmente Vigalondo revela-se inapto em esboçar um enredo capaz de suportar o visual que aqui alcançou e que, por sua vez, parece não conseguir acompanha-lo até ao final.

Neste seu novo filme, vemos Elijah Wood (novamente nas produções europeias depois de Maniac e Grand Piano) como Nick, provavelmente o fã número um da atriz Jill Godard (alusão? talvez sim!), vivida por Sasha Grey, que acaba de ganhar através de um concurso um jantar a dois com a sua “musa”. Porém, à última da hora, a mesma decide cancelar o dito encontro, deixando Nick no desapontamento total. A noticia é lhe dada via computador por Chord, um estranho sujeito que, para compensar Nick e de certa forma lhe permitir vingar-se da atriz, envia-lhe códigos para que possa vigiar a sua egocêntrica estrela. À medida que o enredo avança e este ato de voyeurismo começa a tornar-se demasiado perverso, Nick tenta alertar Jill do sucedido.

Pela premissa aqui oferecida e tendo em conta as mediáticas notícias que correm mundo sobre scoops de fotos íntimas de várias celebridades e a falta de privacidade de que estas são sujeitas, o espectador julgará que encontrará em Open Windows um thriller de teor crítico e ácido da condição de estrela de cinema e, respetivamente, os seus fãs. É verdade que o realizador tenta executar tal fórmula, mas tudo é atrapalhado pelas suas escolhas narrativas e pela cínica complexidade com que incute a história. A astúcia dá lugar ao não credível, que por sua vez dá a vez ao ridículo, acentuado por um twist de igual adjetivo. Elijah Wood tenta aguentar a pedalada, mas até ele mesmo é “esfaqueado” pela risibilidade. Nesse campo, então, é melhor ficarmos com Sasha Grey.

O melhor – o visual como narrativa
O pior – o argumento


Hugo Gomes