Quinta-feira, 28 Março

«Yo Soy La Felicidad de Este Mundo» por André Gonçalves

Um labirinto foi o que construiu Julian Hernandez (autor de Rabioso Sol, Rabioso Cielo) sobre um realizador que se apaixona por um dançarino mas se vê ultimamente refém dos seus próprios desejos.

É um objeto exigente sem dúvida, mas que tem a seu favor nunca cansar propriamente os olhos do espectador, dando-nos doses astronómicas de sexo semi-explícito e dois “menáges” completamente diferentes, um deles em particular capaz de fazer corar Lars Von Trier no seu pretensiosismo “arty” bem badalhoco (estamos aqui no segmento central a servir de “intermezzo” entre a primeira e segunda metade).

Monumento de uma sensualidade e erotismo inegáveis, Yo Soy La Felicidad de Este Mundo é infelizmente um filme que não nos oferece todas as chaves das suas divisões labirínticas – apenas para os quartos de brincadeiras, não para a sala central (para o seu coração, isto é). Ficam os bons corpos, os bons enquadramentos da realização, o trabalho competente dos atores e a tesão capaz de bater qualquer noite hard do Festival. Se é pouco, dependerá da gestão de expectativas de cada um… Agora, é passar pela casa de banho e refrescar um pouco.

O melhor: o erotismo 
O pior: a frieza emocional com que saimos, por muito que possa ser intencional e se adeque na perfeição à personagem principal do realizador


André Gonçalves

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