Quinta-feira, 25 Abril

«Last Summer» por André Gonçalves

Se alguma vez quisesse ver as mais belas pinturas a secar durante uns 73 minutos, o resultado não estaria muito longe deste Last Summer um filme que funde pintura e “poesia visual” – e, saliento, vai ser difícil encontrar uma cinematografia tão bela nas redondezas deste festival, mas que se estatela ao comprido na altura de passar à ação e fazer uma longa-metragem cinematográfica com a palete belíssima de imagens que possui.

Não é que o cinema não possa ser assim tão… contemplativo, ou que isto não seja cinema de todo. Não entro nesses radicalismos, assim como não gostei quando disseram que obras como Dogville ou Sin City não eram cinema e que não deviam ser encarados como tal, mas sim como teatro e comics, respetivamente.

Aliás, Last Summer, do norte-americano Mark Thiedeman, está claramente ligado à obra de Terrence Malick, de quem nutro afeição. A homenagem é evidente, pelo “voiceover” em tom poético, pela celebração da natureza como elemento substituto das palavras, nas imagens e nos sons. Percebo tudo isso. Mas enfim, seria preciso também “gravitas” emocional, seria preciso preocupar-nos com aqueles belos corpos, rodeados por belas paisagens, tudo muito colorido, tudo muito bonito, mas nada a atingir o coração. Muito frustrante.

O melhor: as imagens 
O pior: a ausência de qualquer sentimento semelhante a compaixão/interesse pelas personagens


André Gonçalves

 

 

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