Sexta-feira, 19 Abril

«Castanha» por André Gonçalves

 

Mais um título em forma de nome, mais um olhar sobre a terceira idade, aqui repartido por outro sobre a meia-idade e sobre a decadência geral de um ator (o Castanha do título) de 52 anos que vive com a sua mãe de 72. Ele sobrevive com espetáculos de “drag” em pequenos bares “gay” enquanto vive atormentado pelo sobrinho “junkie“, num filme que não se encaixa bem nem como documentário, nem como ficção. Um autêntico filme “queer“, pois com certeza.

Esta estreia de Davi Pretto tinha só pela sinopse acima descrita motivo para existir. Temos aqui mais um retrato sobre o meio “underground” (brasileiro) no qual as personagens “queer” encontram refúgio, onde a droga e a homossexualidade saem ou de mão dada ou à pancadaria. Só que ao convocar fantasmas de um passado cinematográfico bem fascinante (tanto um “Opening Night” do Cassavetes como um “All that Jazz” de Fosse), acaba por nos fazer lembrar de tudo o que podia de facto ser.

É simplesmente uma pena não haver também aqui sumo suficiente para justificar a hora e meia, e no fim de contas, como disse em cima, o filme ficar-se por metades (não obedece à estrutura de um documentário, nem é uma ficção propriamente estimulante). Talvez, ironicamente, a melhor homenagem a fazer a esta personagem. Mas sabe a pouco, ainda assim.


André Gonçalves

Notícias