Sexta-feira, 29 Março

«The Guest» por Hugo Gomes

Segundo o próprio realizador, Adam Wingard, The Guest foi baseado na banda sonora típica e minimalista dos anos 80, com especial referência ao cineasta John Carpenter. Talvez seja por esse motivo que esta obra datada de 2014 tenha muitas influências do estilo despreocupado e por vezes trash do cinema desse realizador e é nessa composição que encontramos a fórmula do seu sucesso. Depois de You’re Next, Wingard volta a debater-se com convidados indesejados nesta intriga a que sujeita uma família, os Peterson, destroçada e em luto pelo óbito prematuro do seu filho mais velho, morto em serviço no Iraque. Certo dia, os Peterson recebem uma visita inesperada, um dos camaradas do seu filho, David (Dan Stevens), que surge com o intuito de prestar auxílio e apoio à família devastada. Um amigo bem-vindo que subitamente se torna numa misteriosa ameaça.

The Guest, estreado no último Festival de Sundance, é um filme conduzido por um ritmo frenético, imparável e eficaz, um divertimento lúdico, porém de paladar nostálgico e muito eighties. O jovem ator Dan Stevens é implacável na sua sinistra personagem, que desde cedo transfere para o grande ecrã um clima de suspeita gradual. A sua jornada repleta de diversos twists, que nada impedem The Guest de seguir os seus propósitos iniciais, é minada por inúmeros gags hilariantes e enredo no mínimo astuto, cheio de personagens caricaturais. Porém, as ditas influências de Carpenter revelam-se no preciso momento que se dá o major twist, a veia trash acentua-se na trama e são continuamente disparados referências que deliciarão os espectadores mais conhecedores dos tais toques “carpenterianos”. Um pouco de Halloween ali, Escape from New York acolá, ou até mesmo Assault on Precinct 13 noutro momento. Carpenter com fartura e o melhor é que Adam Wingard o reconhece.

The Guest é uma proposta aliciante que reúne os géneros de thriller e acção sob um registo próximo do terror, apto para agradar a um público muito diverso. Infelizmente, e apesar dos bons momentos, a nova fita de Adam Wingard está longe de ficar na memória, limitando-se a um amontoado de referências e pouco mais. Mas volto a sublinhar, é divertido que se farta!

O melhor – O ritmo que transmite. Um divertimento despreocupado.
O pior – as referências funcionam, mas um filme não é feito somente sob os códigos das mesmas


Hugo Gomes

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