Sexta-feira, 29 Março

«The Pool» por Roni Nunes

 

Tal como no alemão Der Samurai, também presente nesta edição do Motelx, o holandês The Pool, terceira obra de Chris W. Mitchell, aposta num ambiente terrífico como símbolo de um processo de libertação interior.

Em vez da mítica Floresta Negra das terras alemãs, aqui a história passa-se num pouco conhecido interior holandês onde, inadvertidamente, vão lá parar seis pessoas pertencentes a duas famílias. E o pai e um dos filhos de uma delas que começam a aprofundar-se numa atmosfera cada vez mais onírica, guiados por uma difusa odalisca das águas que lhes sussurra mensagens em sonhos. E as sugestões que ela lhes dá, definitivamente, não são pacíficas.

The Pool liga a metáfora dos ciclos que se fecham (os recorrentes processos de putrefação, o facto das personagens nunca saírem de um círculo) com a ardente necessidade dos dois protagonistas de, justamente, romper o seu próprio quotidiano, marcado pela frustração e pela impotência. E, como diz a “sereia”, é preciso sacrificar velhas coisas (leia-se, pessoas…) para descobrir a beleza das novas…

Baseado num mal invisível que aos poucos vai se exteriorizando no processo do aparente enlouquecimento dos personagens, o filme ressente-se por vezes do facto da própria ameaça ser tão etérea que, para o próprio espetador, soa demasiado vago. Mesmo assim, personagens bem desenvolvidos e uma boa atmosfera garantem o interesse.

O Melhor: o ambiente e os personagens
O Pior: uma ameaça demasiado vaga


Roni Nunes

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