Os Mortos e os Vivos (Die Lebenden), de Barbara Albert (não, não é nenhuma variação das criaturas de George A. Romero), é um obra concebida sob uma perspetiva despretensiosa e algo juvenil sobre os “fantasmas” do Holocausto, remetendo à história da jovem Sita (Anna Fischer) que durante a festa do 95º aniversário do seu avó depara-se com uma foto no qual ele se exibe com vestimentas de oficial da SS na Segunda Guerra Mundial. Esta imagem desperta em Sita uma vontade de desvendar o passado da sua família, até então misterioso, de forma a encontrar laços redentores para os eventuais terríveis segredos que a esperam.

Esta jornada de auto-descoberta soaria como tentadora, mas infelizmente demonstra ser um exercício de espírito adolescente (rebelde mas sem a razão de o ser) desequilibrado, enviusando na sua trama principal diversos subenredos sem força nem destaque e que apenas interrompem a fluidez da narrativa, e com isso a atenção do espectador em concentrar-se e interessar-se no principal. São amores passageiros, doenças que surgem e desaparecem sem dar-mos conta e personagens acessórias descartáveis como “lenços de papel” que tentam desviar o nosso olhar da investigação levada a cabo pela protagonista, de caracterização insonssa e sem objetivos verdadeiramente definidos como personagem principal. Para complicar a visualização, Os Mortos e os Vivos compromete a sua narrativa com uma realização instável de uma “handycam” (idêntico a tantas séries da MTV) sem que haja uma correspondência do drama e criando mesmo a ilusão de uma aproximação ao realismo cinematográfico.

Ou seja, esta nova fita realizada e escrita por Barbara Albert (Fallen, 2006) é um filme falhado quer sua atenção dramática, quer na construção dos seus personagens, em consequência disso somos incapazes de sentir verdadeiramente a tragédia que nos é desde início sugerida. Vale pela banda sonora dinâmica e moderna, que nos evidencia mais a ideia de cinema tipicamente direccionado a adolescentes, onde a leveza dramática é requerida em prol de uma muito movimentada e multi-direccional narrativa (para não se fartarem!).