Sábado, 20 Abril

«The Gardener» por João Miranda

Mohsen Makhmalbaf é um realizador iraniano exilado, cuja filha Samira também é realizadora (foi júri no Doclisboa o ano passado), mas é com o filho Maysam que faz “Bagheban“, uma reflexão sobre a Religião, os seus pontos positivos e negativos, e ao mesmo tempo um documentário sobre a religião Bahá’i. Não querendo focar a polémica sobre os contextos políticos da realização deste filme por um realizador iraniano em Israel e todas as reações do Regime Iraniano ao filme, é difícil não falar de política quando se fala sobre ele: se, por um lado, a Religião sempre esteve intimamente ligada com a política, por outro a perseguição a que foram e são ainda sujeitos os Bahá’i no Irão define a história deste movimento religioso e a sua divulgação pelo mundo.

Se, à primeira vista, a Fé Bahá’i parece ser uma Religião mais tolerante e uma atualização às religiões anteriores (que inclui na sua base, defendendo que todas estão certas), por outro ainda mantém proibições típicas de uma Religião que, mesmo querendo evitar de forma consciente os dogmas, acaba por encontrar pequenos pontos de resistência como a homossexualidade e a interpretação dos textos em que se baseia. Infelizmente esses pontos não são referidos no filme, dando uma visão deste religião um pouco mais rosada do que na realidade é.

Tentando mostrar os pontos positivos da Religião (Moshen) e outro os negativos (Maysam), os dois vão dialogando sobre o tema, sem querer chegar a nenhuma conclusão específica ou impor-nos os seus pontos de vista. O tom do filme é ligeiro, sem nunca ridicularizar e tentando mostrar respeito para com as religiões e os seus praticantes, mas também nunca assumindo posições verdadeiramente críticas ou polémicas, o que o impede de atingir alguma profundidade.

O Melhor: A ideia; os jardins.
O Pior: Evita polémicas e não mostra as possíveis falhas da Fé Bahá’i.


João Miranda

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