Sábado, 27 Abril

«Drug War» por Jorge Pereira

Drug War foi a primeira obra de Johnnie To filmada por completo na China continental, mas essa transição não afetou em nada o estilo do prolifico cineasta, especialmente no que concerne à sua estética, formalismos do género e a uma narrativa frenética com personagens rígidas, onde não faltam algumas reviravoltas, e que mais uma vez volta a ser orientada para o crime, algo que o realizador tanto gosta perseguir na sua vasta carreira.

No filme seguimos a forma como o Capitão Zhang (Sun Honglei) e a sua equipa lutam com todas as forças para travar o tráfico de drogas.  Quando Timmy Choi (Louis Koo), um traficante, é capturado, é-lhe oferecido um acordo para ajudar Zhang a deter alguns barões do narcotráfico. Porém, e apesar de Choi mostrar-se cooperativo, o Capitão Zhang não crê que ele vá mesmo trair os seus amigos, seguindo-se um contido jogo do rato e do gato, onde todos duvidam de todos e sucedem-se os momentos de tensão.

Mantendo-se fiel à habitual dureza nos conteúdos, To não tem problemas em eliminar personagens numa guerra implacável entre dois mundos, repetindo algo que tantas vezes o fez, como em Breaking News, Vingança e claro no marcante Eleições. Mas o que atrai mais na sua cinematografia é a independência em relação a outras, voltando a mostrar porque é um dos embaixadores do cinema de Hong Kong e um mestre da ação. E mesmo quando não apresenta nada de muito novo, como aqui, é impossível ficar imune à constante tensão e nervoso miudinho, sendo a imprevisibilidade do destino das personagens (ao contrário da ação em si) que nos mantém atentos até à último momento. Nisto, o filme faz lembrar Infernal Affairs, um dos melhores thrillers que saíram de Hong Kong nos anos 2000′ [Scorsese deve concordar comigo], sobressaindo a prestação de Louis Koo, ele que está bem habituado a trabalhar com To, sendo Throw Down, Eleições, Triângulo [coassinado por Ringo Lam e Tsui Hark], Don’t Go Breaking My Heart e até o brilhante Accident, no qual o cineasta apenas funciona como produtor, bons exemplos dessa profícua colaboração.

Por tudo isto, Drug War é um filme que merece uma olhadela atenta, ainda que no todo da sua obra seja um regresso a demasiados lugares comuns. Entretém, prende , mas não se tatua na nossa mente como tantos outros trabalhos seus.


Jorge Pereira

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