Sexta-feira, 26 Abril

WWZ: Guerra Mundial: Brad Pitt luta contra zombies e uma produção caótica

Com auxílio do 3D, o espectador é atirado para dentro do conflito e apresentado aos seus personagens principais de uma forma alucinante: após uma breve sequência com o despertar da família do ex-membro das Nações Unidas Gerry Lane (Brad Pitt), damos com eles numa fuga desesperada enquanto a Filadélfia é varrida do mapa em poucos minutos. E do que fogem eles sem olhar para trás? De uma massa informe de mortos vivos que, a estas alturas, já tomou conta do mundo (ou quase). Resta a Lane retomar suas antigas funções na organização para tentar descobrir uma forma de evitar o Apocalipse.

O apocalipse é aqui

Mas antes disto o juízo final pareceu chegar primeiro à produção deste WWZ Guerra Mundial, que, segundo o Hollywood Reporter, revelou-se um “pesadelo do início ao fim“. Foi a primeira vez que Brad Pitt resolveu investir num franchise de ação, uma vez que Ocean´s Eleven e suas duas sequelas não se enquadram propriamente na definição.

A escolha da história recaiu sobre o best seller World War Z: An Oral History of the Zombie War, de Max Brooks, o filho de Mel Brooks, especializado em livros de terror em geral, de zombies em particular. De acordo com a estrela e co-produtor Pitt, o tema dava-lhe hipótese de “usá-lo como um cavalo de Tróia para debater problemas sociopolíticos, para além de perceber como o mundo lidaria com um problema que o deixaria de pernas para o ar“.

Foi ele quem contratou o realizador Marc Forster (de Depois do Ódio e À Procura da Terra do Nunca), cuja única experiência com filmes de ação era Quantum of Solace, da saga 007. A expectativa era de que o cineasta desse um tratamento mais profundo à história e aos personagens, deixando à uma equipa especializada a parte da ação e dos efeitos. Mas essa revelou-se uma decisão com complicadas consequências: Forster perdeu o controlo criativo sobre o projeto desde muito cedo, até porque não lhe foi permitido trabalhar com o seu grupo habitual de colaboradores.

Cercado de conflitos, as confusões continuariam: Brad Pitt desentenderia-se com o realizador, cinco semanas de refilmagem levariam o orçamento à incrível marca dos U$ 200 milhões e o lançamento seria atrasado em mais de meio ano. Num dos momentos críticos, por exemplo, a Paramount contratou Damon Lindelof (consagrado por Lost e Prometheus) para reescrever todo o último terço do filme, já filmado…

Terror com pipocas

Fãs de filmes de terror certamente acharão essa abordagem com vistas a um público alargado demasiado leve, especialmente depois de mortos-vivos mais assustadores invadirem a própria televisão (como na série The Walking Dead).

De qualquer forma, a fita não é isenta de tensão e sustos e o facto de ser pouco sangrento permite o uso de um dos atrativos mais divertidos deste WWZ Guerra Mundial: execuções maciças de “criaturas” através de metralhadoras, incêndios, atropelamentos e outras delícias. Obviamente, se estas fossem feitas com humanos, as cenas se tornariam intoleráveis até mesmo para os gostos mais sanguinolentos. Ou então cairiam na paródia, o que frequentemente ocorre com os mortos-vivos.

De qualquer forma, o público parece estar a reagir bem ao filme e, nos Estados Unidos, perdeu ligeiramente o confronto no final de semana para um dos sempre imbatíveis blockbusters de animação, Monstros: a Universidade. Com o mercado mundial também a reagir bem e apesar de outro concorrente, o Homem de Aço, é provável que a obra seja lucrativa, garantindo o avanço da pretendida trilogia (embora, provavelmente, com cortes no orçamento).

Os críticos em geral foram simpáticos, embora nem todos. O especialista do San Francisco Chronicle chegou a dizer que é o mais “assustador filme de zombies em anos” – o que não deixa de ser um tremendo elogio – enquanto a Playlist disse que a obra “está longe de ser satisfatória“.

Os sucessos e as ousadias de Brad Pitt

O ator sempre foi daquelas estrelas que utilizou o seu prestígio para arriscar e procurar desafios. Diferente de outros do seu estatuto, Pitt até pode se orgulhar de ter consolidado a sua fama de forma definitiva, a meio dos anos 90, com grandes realizadores e trabalhos de qualidade: Neil Jordan (Entrevista com um Vampiro), David Fincher (7 Pecados Mortais) e Terry Gilliam (12 Macacos).

Depois de entrar pelo século XXI adentro com aquele que seria o seu filme mais bem-sucedido de sempre, Ocean’s Eleven – que inauguraria a sua única e modesta (em comparação com outras estrelas de Hollywood) participação em sequelas – o ator, cada vez mais dono da sua carreira, continuou a ousar.

São já deste século obras como Babel, Destruir Depois de Ler, O Estranho Caso de Benjamim Button, A Árvore da Vida e Mata-os Suavemente. O sucesso de público, no entanto, anda a lhe fugir um bocado e, excetuando a contribuição para Megamind, em 2010, o seu último grande feito nas bilheteiras já tem quatro anos – o Sacanas Sem Lei, de Quentin Tarantino.

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