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Thor: Amor e Trovão: ‘Filme da Treta’ versão Marvel

Regado a Guns n’ Roses, “Thor: Love and Thunder” não é um filme de super-heróis. É um filme com super-heróis. Um filme de deboche, algo próximo de uma comédia. Algo mais próximo do “Filme da Treta” (2006), de José Sacramento, do que de “Vingadores”. Está interessado mais em rir dos códigos de aventuras, incluindo aqueles sedimentados por “Erik the Viking”, de Terry Jones, e “Time Bandits”, de Terry Gilliam. Mas é algo sem o refinamento de um Monty Python. Trata-se de (mais) uma longa-metragem com a sanha autoral de Taika Waititi, realizador neozelandês cuja estética parece a do sketch humorístico de TV e cujo ethos dedica-se a demolições morais. A representação do masculino tem sido o seu alvo na sua entrada na franquia “Thor”, a partir de 2017, com o desastroso “Ragnarok”. A diferença é que, neste seu regresso ao universo de Asgard, a morada dos deuses nórdicos, ele lembra-se que o cinema é uma arte de imagens em movimento e não um teatro de revista. Lembra-se disso quando se esforça, dentro do que sabe, para poder apresentar uma narrativa um pouco mais ousada plasticamente. Consegue isso aqui e acolá, numa porção do filme em preto e branco (bem fotografada por Barry Baz Idoine) e na contagiante sequência inicial, na qual Thor põe os seus adversários abaixo, numa sucessão de golpes modulados pela adrenalina. É uma sequência à la John Wick, que Waititi não saberia fazer jamais. Tanto é que, no que sobra, reina o enfado. Dá preguiça ver o empenho do realizador em transformar o que nasceu para ser uma narrativa épica, nos moldes de “Conan The Barbarian” ou “Lord of the Rings”, num episódio de “Flight of the Conchords”. E, para piorar, ainda há um tratamento absolutamente irregular da vilania.  

Somados, os três filmes anteriores da franquia do príncipe de Asgard, lançados em 2011 (“Thor”, de Kenneth Branagh), 2013 (o excecional “The Dark World”, de Alan Taylor) e 2017 (“Ragnarok”, também de Waititi), arrecadaram 1,9 mil milhões de dólares. A nova produção promete elevar essas cifras, moldando um guerreiro implacável como o Deus do Trovão como um Chevy Chase fanfarrão. E há outros chamarizes, como o regressode Natalie Portman como Dra. Jane Foster, mas não apenas como física e, sim, como a nova portadora do martelo Mjölnir. Ela dignifica a releitura que Waititi tenta fazer da saga de BDs iniciada em “Mighty Thor” (2015) #1, com o guião de Jason Aaron. Nessa saga, ela vira a Poderosa Thor. Pode se dizer o mesmo da participação de Tessa Thompson, dando um tom mais pop à figura da Valquíria, agora governante de Asgard. Natalie consegue dar complexidade a um enredo que se agarra a piadinhas, traduzindo a angústia de Jane ao se encontrar na fase terminal de um cancro, que se agrava em metástases a cada uso que faz da marreta sagrada. E Tessa também escava novas potências comportamentais em Valquíria.

Mas no meio do caminho delas, e de Hemsworth, cuja star quality hoje beira as alturas, num binómio de carisma e vastas ferramentas dramáticas, existe uma pedra. Essa pedra é Waititi.

Vencedor do Oscar de melhor argumento adaptado de 2020 por “Jojo Rabbit”, no qual um rapaz alemão era amigo de Hitler (vivido por ele mesmo, uma vez mais no reino da troça), Waititi havia concorrido às estatuetas douradas da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas de Hollywood antes, em 2005, com a curta “Two Cars, One Night”, de 2003. O filme concorreu na festa da Academia de 2005, no mesmo ano em que ele fez “What We Do in the Shadows: Interviews with Some Vampires”, com Jemaine. Nessa curta, ele cria uma estratégia supostamente documental para mostrar o que uma equipa de cineastas faz diante de três vampiros cuja verve aristocrática não parece mais compatível com um mundo interligado pela internet. De novo, ele conseguiu um sucesso, exibindo o filme na sua terra natal, no New Zealand International Film Festival, em julho de 2006. No ano seguinte, ele foi prestigiado pelo público do Festival de Sundance que aplaudiu a (hilária) comédia “Eagle vs Shark” ( 2007), também com Jemaine, e foi, com ele, filmar a já citada série “Flight of the Conchords”.

Em 2010, regressa a Sundance e vai à Berlinale, com “Boy”, comédia agridoce sobre um pequeno fã de Michael Jackson. Na sequência, roda mais uma curta “42 One Dream Rush” e embarca nas séries “Super City” (2011) e “The Inbetweeners ” (2012), enquanto prepara um filme baseado em “What We Do in the Shadows”, que é lançado em 2014, mais uma vez em Sundance. Gasta 1,6 milhões de dólares nas filmagens – realizadas em Wellington, em setembro de 2012 – e consegue 7 milhões nas bilheteiras, configurando um êxito comercial. De novo, ele e Jemaine vão a Berlim, agora concorrendo na mostra Geração, pela sua toada de comédia adolescente, indisfarçavelmente inspirada em John Hughes (1950-2009) e o seu seminal “The Breakfast Club” (1985). Fora os elogios alemães em solo berlinense, Waititi e Jemaine conquistam 26 prémios pelo filme, incluindo a láurea especial do júri do Festival de Turim pelo argumento, e o voto do júri popular da seção Midnight Madness do Festival de Toronto. Sttges, considerado o maior festival de cinema fantástico do mundo, realizado desde 1968 em terras catalãs, deu-lhe uma menção honrosa, seguida do prémio do júri popular. Foi daí que a Marvel se encantou por ele. Mas não avisaram a ele do que os fãs de BDs gostam. E nem o que esses fãs respeitam.  

Filmes de super-heróis, sustentáculo da economia cinematográfica, são, por essência, épicas de autossacrifício: existem cordeiros que se oferecem à imolação em prol da Humanidade. Não existe humor na espinha dorsal desse gesto. Pode haver gargalhadas como apêndice, como efeito de oxigenação da tensão. Pode haver um respiro para o que há de bruto na peleja do sacrificado contra a moléstia moral que leva um vigilante a se arriscar em prol de quem precisa de auxílio. É o que se via em “Homem-Aranha 2”, uma das obras-primas do filão, pilotada por Sam Raimi, em 2014. Pode e deve haver arejamento, pois o riso é um convite ao carisma. Mas esse riso não pode se superpor a essência das narrativas de super-heróis, cuja génese dos quadradinhos vem da ação e não da troça. Existem bds para rir e existem as de super-herói. É assim desde as primeiras viagens galácticas de Buck Rogers, em janeiro de 1929: a pedra fundamental pop da jazida. Mas Waititi não percebeu isso muito bem quando finalizou o corte do histérico “Thor: Ragnarok”, o mais vazio das longas-metragens da Marvel.

No desespero de dar ao conglomerado das bandas desenhadas um novo Deadpool – uma produção de 58 milhões da Fox, que, em 2016, arrecadou 783 milhões -, o cineasta neozelandês resolveu substituir a seriedade épica comum aos vigilantes uniformizados por galhofas sucessivas: é piada atrás de piada, mesmo nos momentos em que elas são desnecessárias. O resultado beira um programa humorístico enrugado.

Porém, esse erro mostra-se ainda mais grotesco frente à maneira como Waititi apresenta a figura do Mal, Gorr, ao escrever o filme em parceria com Jennifer Kaytin Robinson. Apesar de ter nas mãos um dos atores mais talentosos da atualidade, Christian Bale, o cineasta não consegue justificar a vilania que tenta imputar a Gorr. O seu advento é inverossímil. Pior do que isso: Waititi faz com que o público se apiede dele, apesar dos seus crimes envolverem assassinatos. Gorr é alguém que se perdoa à primeira vista. E, para agravar a situação, o redesenho, no trânsito da BD para os ecrãs faz lembrar o Santo dos Assassinos de “Preacher”, da DC Comics. É uma leviandade sem fim, que emperra o que prometia ser um entretenimento com vigor intelectual.

E fica pior quando Thor chega a um Olimpo gourmet, onde as divindades de diferentes civilizações se refugiam, sob a batuta de Zeus. Este é vivido por um Russell Crowe nas raias da caricatura, envergonhando o legado do majestoso “Gladiador” (2000). É mais uma evidência do desaparecimento daquele Waititi cheio de retidão que realizou o episódio 8 da temporada 1 de “The Mandalorian”: ou seja, um Waititi sóbrio, a brincar de Sergio Leone. Ficou o Waititi da galhofa, com pouco ou nada a oferecer.

Carro Rei: A monarquia ciborgue da invenção

Posted By Rodrigo Fonseca On In Entrevistas | Comments Disabled

Apresentando ao mundo há 1 ano e seis meses, durante o Festival de Roterdão, na Holanda, de onde saiu cercado de elogios, o thriller sci-fi Carro Rei arranca, enfim, pelo circuito brasileiro adentro, com o carburador aditivado de prémios. Foram 16 ao todo, conquistados em festivais como Raindance – Inglaterra (Melhor Roteiro); Feratum – México (Melhor Filme de Ficção Científica Latino-americano); Fantasia (Canadá) e Fantastic Festival (EUA). No Brasil, a longa-metragem dirigida por Renata Pinheiro, uma aclamada diretora de arte, arrebatou a competição do CineFantasy, conquistando estatuetas nas categorias Melhor Filme, Melhor Realizador, Melhor Ator e Júri Popular. Renata conquistou ainda o disputado Kikito de Melhor Filme em Gramado, a mais popular das mostras do cinema brasileiro. Contabilizou ainda nestas terras as distinções de Melhor Desenho de Som (dado a Guile Martins); Direção de Arte (de Karen Araújo); e Banda-Sonora (de DJ Dolores). E recebeu um prémio especial do júri, dado a Matheus Nachtergaele, por uma vulcânica atuação. É uma longa-metragem que renova a estética de invenção de Pernambuco, de onde saíram Amarelo Manga”, “Árido Movie”, “Boi Neon”, “Aquarius e Bacurau.  

A sua trama lembra muito Bumblebee (2018) nos seus momentos iniciais, quando um rapaz é salvo de um atropelamento por um carro com quem estabelece uma estranha conexão. Por “estranha” leia-se: ele fala com o carro. Anos depois, dedicado ao ativismo ambiental, o jovem (Luciano Pedro Jr.) retoma a relação com o veículo, mas vê o tio, o mecânico Zé Macaco (Nachtergaele), conectar-se com o totalitarismo, e formar um gangue com ímpeto ciborgue.

A cineasta e diretora de arte Renata Pinheiro – Crédito da foto: Raul Toscano

Realizadora de Amor, Plástico e Barulhoe Açúcar, filmado em duo com Sérgio Oliveira, Renata fala ao C7nema sobre sua imersão nas veredas da ficção científica.

Mais do que sedimentar a ficção científica na América Latino, o seu filme reforça a dimensão sociológica do cinema brasileiro ao retratar a revolta das máquinas, via Zé Macaco, de um modo similar ao que se vê em “Metropolis”, de Fritz Lang. As máquinas parecem metáforas da massa operária excluída. Mas que signos conscientes atribui aos carros que ganham vida?

Metropolis”, você me lembrou muito bem. Existe essa semelhança entre as máquinas serem a metáfora da massa operaria excluída. No meu filme, os carros antigos são sucateados pelo sistema capitalista que incentiva o consumo, como também os trabalhadores que são excluídos do sistema. São excluídos uma vez que eles deveriam se endividar para poder entrar no sistema. Num signo direto e consciente, esse carro inteligente e humanizado é um signo de uma inteligência artificial que está cada vez mais presente na nossa vida. É signo também da manipulação de massa pelas redes sociais e gadgets que temos como companheiros agora. São elementos que modificam o panorama de uma sociedade através dessa manipulação muito mais direta e mais presente onde quer que você esteja. Não é só a máquina em si, mas a máquina tecnológica que é um ser influenciador do pensamento e da consciência humana.

Qual é o signo daquele quasímodo encarnado por Matheus Nachtergaele?

Quanto ao Zé Macaco, eu iria para outro pólo, que seria o do brasileiro comum. Frente a um sistema de educação falhado e excludente como o nosso, perdemos diversos talentos em diversas áreas. No caso do filme, Zé Macaco é esse cientista que possui um talento natural para a tecnologia, mesmo sem ter tido uma educação formal. Ele conseguiu ser autodidata e aprender com os manuais dos carros como se constrói um motor e fazer objetos electrónicos. O Zé Macaco é um excluído. Ele é excluído do seu núcleo familiar por conta de ser essa pessoa diferente das outras. É uma metáfora do tanto de gente talentosa que é excluída. No filme, ele transforma essa frustração em um monstro. Essa evolução humana faz ele liderar o gangue. Mas essa liderança não o torna melhor e, sim, um fascista.

A que tradição do pluralíssimo cinema de Pernambuco você acredita se conectar nesse filme? Que recantos de Pernambuco estão ali?

Essa é uma pergunta muito mais para vocês, que têm uma visão de fora das nossas obras. Acho que é um filme que se conecta a uma tradição latino-americana nordestina que é do realismo fantástico. O nosso filme também é uma fábula, conectado à tradição nordestina. É claro que também é impregnado de influências dos nossos colegas, dos nossos filmes, mas eu não te dizer quer dizer qual ou quem. Eu me identifico com a obra do Tavinho Teixeira, um grande colaborador do cinema pernambucano. Pernambuco e Paraíba já foram até um só lugar, mas acho que Tavinho também se utiliza da fábula, da sátira, para falar de assuntos importantes. Se tivesse que apontar referências dos meus pares, colocaria, a princípio, o paraibano Tavinho Teixeira nesse meu lugar de fala.

O cartaz internacional do filme

Quais foram as reações mais inusitadas que você apanhou nas sessões de “Carro Rei” pelo mundo, a partir de sua passagem por Roterdão?
Lançamos o filme para o mundo em janeiro de 2021, em plena pandemia. Inclusive Roterdão não teve sessão presencial. Foram para o ambiente online, como em outros festivais. Até na Coreia fizemos live com sessão comentada. O que mais me impressionou é a capacidade que um filme como esse tem de conversar com diversas culturas. Na Inglaterra, Serginho (Oliveira, produtor e parceiro habitual de Renata) foi e eu estava trabalhando. Mas ele me relatou que o entendimento era muito profundo do filme. Isso surpreendeu muito e foi quando ganhamos um prémio de melhor roteiro. Acho um prémio muito especial, por ser um filme que não tem nada a ver com a cultura inglesa. O que chama mais atenção é a quebra da expectativa de ser um filme que eles esperam vir do Brasil. Esperam um filme sobre violência ou filmes latino-americanos de dramas familiares. Mas “Carro Rei” é um filme que aborda uma outra questão pertinente à Humanidade. De facto, quando estávamos a fazer o filme, eu pensava que iriam me matar por não entrar numa tendência do cinema brasileiro. Mas era o que queria fazer. Não tive medo de reação negativa. Quando a ideia vem, ela aparece com tanta força que chega ser incomodo não a realizar. No site de Roterdão, eles falam dos carros como zombis do capitalismo. Houve muitas críticas e resenhas ao redor do mundo. Cada uma delas vem com uma questão nova sobre o filme. É super satisfatório ter feito um filme com a roupagem muito peculiar e regional, mas que trata dessas questões que são interesse de todos.

Oscars® 2021 poderão ser adiados

Posted By Ana Sofia Santos On In Notícias | No Comments

A Academia de Artes e Ciências Cinematográficas de Hollywood enfrenta mudanças repentinas e incertezas.

Segundo a Variety, citando várias fontes anónimas, a Academia de Hollywood pondera adiar a 93ª edição da cerimónia de entrega dos Oscars, que está agendada para decorrer no dia 28 de fevereiro de 2021.

Uma dessas fontes avança na possibilidade de uma nova data, enquanto que outra indica que a ABC, a estação televisiva que emitirá o evento, não é favorável à mudança.

Recorda-se que que em abril a Academia anunciou – devido às circunstâncias atuais, consequência da pandemia de COVID19 – algumas mudanças quanto à elegibilidade dos filmes. Nessas novas regras estava a inclusão de produções que foram inicialmente agendadas para um lançamento em sala de cinema, mas que passaram diretamente para o VOD. Esta nova regra só será aplicada até aos cinemas reabrirem.

Após o comunicado das mudanças, David Rubin, presidente da Academia, foi entrevistado pela publicação, e questionado quanto à hipotese de alteração de data da gala de premiação, afirmando ser cedo para discutir “esse cenário.

“O que sabemos é que queremos celebrar os filmes, mas ainda não sabemos exatamente como o fazer.” disse Rubin.

Adirley Queirós e Joana Pimenta em destaque no FIDMarseille

Posted By Jorge Pereira Rosa On In Em Foco,Festivais | Comments Disabled

O brasileiro Adirley Queirós e a portuguesa Joana Pimenta vão estar em destaque no FIDMarseille, evento que decorre na cidade de Marselha de 25 a 30 de junho.

Segundo o certame, em comunicado, “nas últimas duas décadas, Adirley Queirós tem feito cinema com os habitantes de Ceilândia, cidade satélite de Brasília. Desde ‘Rap, O Canto da Ceilândia’ (2005), cada filme é inventado como um protótipo, combinando material documental e energias ficcionais para inverter a relação entre o centro e a margem. Arquivos reais e falsos, antecipação e distopia, rádio local e música urbana: um povo minoritário revive o poder político do cinema para imaginar a sua memória, para retratar a sua raiva e a sua esperança de mudança“. Já Joana Pimenta trabalha entre o Brasil e os Estados Unidos e realizou duas curtas-metragens (As Figuras Gravadas Na Faca Com a Seiva Das Bananeiras; An Aviation Field) que, “numa linguagem completamente diferente – a do ensaio experimental -, juntam o cineasta brasileiro num território comum: o da contra-história (colonial) e da memória ficcionada“. Em 2017, Queirós convidou-a para trabalhar como diretora de fotografia em “Era uma vez Brasília“. Depois disso, a dupla correalizou “Mato seco em chamas [1]“, em 2022.

Esta retrospectiva continuará em Paris, de 5 a 8 de julho, quando a 35ª edição do FIDMarseille chegar à Cinemateca Francesa.

“Rebel Moon – Part 2: The Scargiver” supera – e muito – as falhas e ambições do original

Posted By Rodrigo Fonseca On In Crítica | Comments Disabled

Projetado como um artesão de sequências de batalha e perseguição há duas décadas, o Zack Snyder espartano de “300” (2007) regressa no apogeu da forma em “Rebel Moon – Part II: The Scargiver”. O segmento de “A Child of Fire”, parte um do díptico (possivelmente tríptico) que lançou no Natal de 2023 na Netflix, chega ao streaming este mês a esbanjar destreza, sempre nas franjas autorais do seu realizador. Há uma luta de espadas nos momentos finais capaz de servir como homenagem ao duelo de esgrima entre os Skywalker, Luke e Anakin (sob o manto de Darth Vader), em “O Império Contra-Ataca”.

Rodado em Inyo County, na Califórnia, com base num orçamento de 83 milhões de dólares, “The Scargiver” consegue oxigenar a falta de ar criativo do episódio anterior, em especial pelo facto de mostrar maior intimidade dos seus (bons) intérpretes com as personagens. O melhor exemplo é Sofia Boutella. Agora, sim, Kora – guerreira arrependida dos seus vínculos com um império maligno, atormentada por um crime de seu passado – transforma-se numa protagonista à altura do que o projeto precisa. Projeto esse com ambição de ser mais do que um passatempo de plataforma, numa conformidade com tudo o que Snyder faz.

Em 2004, um remake de “Dawn of the Dead” acendeu as lâmpada de Hollywood num alarme de que, onde antes havia apenas um competente fazedor de videoclipes (para Rod Stewart, Morrissey, Lizzy Borden), agora há um cineasta com potencial assinatura. A sua identidade mais forte, além da habilidade de construir batalhas sob ângulos inusitados, é a mirada niilista. Ela processa-se uma vez mais no tomo dois de “Rebel Moon”.

O diálogo da trama do filme com “Os Sete Samurais” é inquestionável, sobretudo, na criação de um grupo de soldados (regressados de experiências distintas) para ajudar uma comunidade oprimida. Em “The Scargiver”, Kora (Sofia) prepara-se para uma ofensiva das armadas de Realm contra o povo de Vedt, estabelecendo com os os seus parceiros estratégias de ação. Ao longo de duas horas, somos melhor apresentados às personagens, sobretudo ao general Titus, vivido por um (agora) inspirado Djimon Hounsou, antes mal aproveitado. Na produção anterior, ele era descrito como o maior combatente que já existiu, mas não fazia jus à sua alcunha. Agora, o epíteto já lhe cabe.

Snyder traz de “Army of Dead” (2021) o frenesim contínuo e assina a fita em aceleração plena. O cuidado de humanizar cada figura, dos heróis e dos vilões (como o almirante Noble, de Ed Skrein), não lhe sai da vista. A montagem dá conta dessa busca da realização em oferecer ao público uma montanha-russa que eleva – e muito – o nível dos Netflix Originals.

“Disco Boy” vence Festa do Cinema Italiano

Posted By Jorge Pereira Rosa On In Em Foco,Festivais | Comments Disabled

“Disco Boy”, de Giacomo Abbruzzese, arrecadou a distinção de Melhor Filme atribuído pelo júri da Festa do Cinema Italiano 2024, evento que encerrou a sua 17ª edição em Lisboa este domingo, 21 de abril. A “Festa” continua agora em mais cidades portuguesas, entre elas: Abrantes, Almada, Aveiro, Beja, Cascais, Coimbra, Évora, Figueira da Foz, Funchal, Lagos, Leiria, Loulé, Oeiras, Porto, Sardoal, Setúbal e Vila Velha de Ródão. 

Estrado na Berlinale e já com passagem em Portugal pelo FEST em Espinho, “Disco Boy” propõe uma viagem psicadélica a um mundo onde a legião francesa e os guerrilheiros do Delta do Níger entram em conflito. Segundo o júri, composto por Francesco Giai Via, João Pedro Rodrigues e Olga Roriz, esta obra “imprime uma visão pessoal forte dos conflitos mundiais, sustentado por um trabalho inventivo que envolve todos os aspetos da criação cinematográfica“. O júri decidiu também atribuir uma Menção Honrosa ao filme “Felicità“, de Micaela Ramazzotti.

Já o Prémio do Público foi para o filme Ainda Temos o Amanhã” de Paola Cortellesi, filme de abertura da Festa.

O festival acolheu 11 antestreias nacionais, entre as quais, “O Rapto”, de Marco Bellocchio, nas salas desde 18 de abril, “A Sombra de Caravaggio” de Michele Placido, que estreia dia 1 de maio, “Comandante” de Edoardo de Angelis nas salas a 13 de junho. Marcaram presença em Lisboa o ator Riccardo Scamarcio; as atrizes Jasmine Trinca e Benedetta Porcaroli; a realizadora Emma Dante, o escritor Sandro Veronesi e a escritora e jornalista Elena Stancanelli; os produtores Giuseppe Pedersoli e Alan Friedman.

No campo musical estiveram em Lisboa, o músico Massimo Zamboni, o duo Colapesce Dimartino, acompanhados pelo realizador Zavvo Nicolosi, e os DJs Napoli Segreta ​​Andrea Fabrizii da histórica editora CAM Sugar. Esteve também em Lisboa o humorista Sandro Cappai.


Riccardo Scamarcio, Caravaggio e a “cultura do cancelamento”

Posted By Jorge Pereira Rosa On In Destaque,Entrevistas | Comments Disabled

Com antestreia na Festa do Cinema Italiano, ainda antes de chegar aos cinemas comerciais já a partir do dia 2 de maio, “L’ombra di Caravaggio” (A Sombra de Caravaggio) faz uma leitura sobre a vida do famoso pintor Michelangelo Merisi, conhecido como Caravaggio, e os desafios e pressões que encontrou para explanar o seu talento nas telas. Sob o peso de uma sentença de morte e uma vigilância apertada por parte da Igreja, que considerava a sua obra problemática, particularmente porque usava prostitutas para modelos nas suas pinturas da Virgem Maria, bem como de pobres e gente da classe trabalhadora como inspiração para os discípulos.

Ao assumir o papel de Caravaggio encontramos o ator italiano Riccardo Scamarcio, que encontra em Louis Garrel a sua “sombra” persecutória.

Foi em Lisboa que falámos com o ator sobre este papel, tendo o próprio confessado que algo que o interessou bastante na produção foi a temática da “cultura do cancelamento”, que ganhou novo alento na atualidade. Aqui ficam as suas palavras.

O que o levou a participar neste “A Sombra de Caravaggio”?

Já tinha trabalhado duas vezes com o Michele Placido antes de fazer esta “Sombra de Caravaggio”. Fizemos o “Romanzo Criminale” há muitos anos, quando era jovem. E depois colaboramos novamente no “Il grande sogno”. Um dia ele ligou-me e disse que queria fazer este filme sobre o Caravaggio, especialmente neste momento, em que a cultura do cancelamento está muito ativa. 

O tema da cultura do cancelamento foi assim um fator primordial?

A “cultura do cancelamento” é realmente algo que não gostamos. É algo perigoso que pode fazer recomeçar todo um novo ciclo de censura. Entendi perfeitamente a sua declaração política ao fazer este filme, que mostra – há muitos anos – um homem incrivelmente talentoso, um artista, foi completamente esmagado pelos que detinham o poder na sua época, a Igreja. Eram tempos sem cinema, televisão, fotografia e rádio. Por tal, a pintura era um meio poderoso dos media. Claro que quando a Igreja foi confrontada com o talento deste homem e a força da sua pintura, houve muitas ressalvas. O Caravaggio usava prostitutas e pobres para assumirem os papéis da Virgem Maria, Santo Agostinho, São Pedro etc, e isso era problemático. Além disso, as suas telas eram negras. Antes disso, tudo era branco, azul. Os santos voavam por entre o céu azul. Tudo era paradisíaco. No lado oposto, tudo em Caravaggio era trágico, dramático, como a Bíblia é. A Bíblia é, aliás, o livro mais violento que temos. A verdade é que a Igreja matou-o: fisicam e artisticamente. Só em 1930 os seus quadros ganharam nova luz. Durante mais de 300 anos, ele não existiu. 

E como se preparou para o papel?

Preparei-me para o papel de Caravaggio a pensar no Elvis Presley. Não vemos muito a pintura do Caravaggio no filme, mas antes a sua vida privada e dinâmica. Vi este homem como uma rockstar, numa combinação de talento e anarquia, algo que o poder odeia. E quando digo isto, falo também do poder contemporâneo. Sim, eles querem gente talentosa, mas querem que digas o que eles querem que digas. Claro que posso dizer o que quiser hoje em dia, mas se eu disser tudo o que realmente penso, certamente serei cancelado. É uma espécie de fascismo tecnocrata, o momento que vivemos. E este poder, estas forças, não te cancelam diretamente, mas usam outras pessoas para o fazer. Para ser sincero, deixei de efetivamente dizer tudo o que penso sobre política, a guerra, etc. E não digo tudo também porque não traz nenhuma mais valia. Frequentemente sou mal interpretado.

E de um momento para o outro a sua carreira pode acabar….

Sim, mas não digo as coisas, não por medo de ver a minha carreira ir por água abaixo. Como sabe, trabalho em todo o lado. Itália, França, EUA, Inglaterra, etc. Hoje em dia tudo tem a ver com as aparências e existe uma superficialidade generalizada. Para eu dizer algo com grande complexidade, do outro lado tem de estar alguém com a mente aberta para me ouvir. A velocidade da comunicação hoje em dia é demasiado rápida e do outro lado, talvez me ouçam durante cinco minutos, mas não mais que isso. Por isso, as conversas e discussões hoje em dia acabam por ser pouco complexas e principalmente superficiais. Para te expressares e analisares as coisas, precisas de mais tempo, demais palavras, de mais análise. Essa inabilidade de não conseguir expressar-me com suficiente complexidade faz-me preferir não falar sobre as coisas. E assim, não digo tudo o que penso. Só o faço junto dos meus amigos, sem instrumentos tecnológicos por perto, que podem captar o meu discurso e transformar tudo numa declaração política. 

Esta é a minha nova forma de ser para evitar mal entendidos. Mas sou um revolucionário. Não desisto e continuarei a lutar pelas coisas que defendo.

Filmes de Mohammad Rasoulof e Michel Hazanavicius na corrida à Palma de Ouro

Posted By Jorge Pereira Rosa On In Em Foco,Notícias | Comments Disabled

Depois de ter apresentado a 11 de abril o grosso dos filmes que vai ter na sua programação, o Festival de Cannes adicionou três novos títulos na corrida à Palma de Ouro.

Assim, o último filme do realizador iraniano Mohammad Rasoulof, “The Seed of the Sacred Fig”, que já apresentou os filmes “Manuscripts Don’t Burn” e “A Man of Integrity” na Un Certain Regard, vai concorrer ao prémio máximo do certame, o mesmo acontecendo com “The Most Precious of Cargoes“, uma animação de Michel Hazanavicius que adapta o romance homónimo de Jean-Claude Grumberg. Nesta primeira animação a concorrer à Palma de Ouro desde “Waltz With Bashir“, de Ari Folman, em 2008, o pano de fundo é o Holocausto. “Trois kilomètres jusqu’à la fin du monde”, do romeno Emanuel Parvu, vai também concorrer à Palma de Ouro.

Na secção Cannes Première, o festival adicionou “Vivre, Mourir, Renaitre”, de Gaël Morel, e “Maria“, o filme de Jessica Palud sobre a vida trágica de Maria Schneider [2], que contracenou com Marlon Brando em “O Último Tango em Paris” de Bernardo Bertolucci. Protagonizado pela estrela de “O Acontecimento“, Anamaria Vartolomei e Matt Dillon (como Brando), bem como por Alain Attal, o filme é uma adaptação de “Tu t’appelais Maria Schneider“, um livro escrito por Vanessa Schneider, prima da atriz. “Vivre, Mourir, Renaitre”, de Gaël Morel.

Já na Un Certain Regard foiram adicionados “When the Light Breaks”, de Rúnar Rúnarsson; “Niki”, de Céline Sallette; e “Flow,” de Gints Zilbalodis.

Finalmente, nas sessões especiais encontramos obras de Arnaud Desplechin (Spectateurs [3]), Oliver Stone (Lula), Tudor Giurgiu (Nasty) e Lou Ye (An Unfinished Film), enquanto “Le Comte de Monte-Cristo”, de Alexandre de La Patellière e Matthieu Delaporte, será exibido fora de competição

O Festival de Cannes decorre de 14 a 26 de maio.

Diane Kruger colabora novamente com Fatih Akin

Posted By Jorge Pereira Rosa On In Em Foco,Notícias | Comments Disabled

Depois de terem trabalhado no filme “”In The Fade” e na série, ainda inédita, “Merlene“, o realizador Fatih Akin e a atriz Diane Kruger vão voltar a colaborar no cinema, desta vez em “Amrum“, que começa a ser rodado hoje em Hamburgo. Baseado nas memórias de infância do famoso realizador e argumentista alemão Hark Bohm, no filme estamos na ilha de Amrum, primavera de 1945: caça às focas, pesca noturna, trabalho no campo – nada é demasiado perigoso ou árduo para Nanning, de 12 anos, para ajudar a mãe a alimentar a família nos últimos dias da Segunda Guerra Mundial. No entanto, com a tão desejada paz, surgem conflitos completamente novos e Nanning tem de aprender a encontrar o seu próprio caminho.

O que começou como um filme de Hark Bohm torna-se agora a minha décima segunda longa-metragem e uma missão extraordinária: ‘Amrum’ é a viagem do jovem Nanning, que na última semana da Segunda Guerra Mundial descobre todos os dias um pouco mais do segredo obscuro da sua família, até ser expulso do paraíso no final“, disse Akin, cujo último filme foi “Rheingold“.

Os papéis principais de “Amrum” são interpretados por Jasper Billerbeck, de 12 anos, como Nanning, e Kian Köppke, de 11 anos, como o seu amigo Hermann. A mãe de Nanning, Hille Hagener, é interpretada por Laura Tonke (When Will It Be Again Like It Never Was Before) e a sua irmã, a tia Ena, por Lisa Hagmeister (System Crasher). O papel da mulher do agricultor, Tessa Bendixen, é desempenhado por Diane Kruger, enquanto Detlev Buck (Same Same But Different) interpreta o pescador Sam Gangsters; Matthias Schweighöfer (Hinterland) é o tio Theo; Lars Jessen é o avô Arjan; e Hark Bohm (The Golden Glove).

Amrun” será lançado nos cinemas alemães em setembro de 2025, distribuído pela Warner Bros. Pictures.

“The Landscape And The Fury” vence Visions du Réel

Posted By Jorge Pereira Rosa On In Festivais | Comments Disabled

O filme “The Landscape And The Fury“, que se centra nos migrantes da região fronteiriça entre a Bósnia e a Croácia, arrecadou o grande prémio do júri do festival suíço de documentários Visions du Réel.

A última longa-metragem da realizadora suíça Nicole Vögele, que teve a sua estreia mundial na competição internacional do festival, cruza os percursos de especialistas em desminagem, famílias migrantes e habitantes locais, revelando as feridas da guerra dos anos 90 e as dos refugiados de hoje.

O prémio especial do júri foi atribuído a Rising Up At Night [4], de Nelson Makengo. Retrato cuidado e incisivo dos problemas e sonhos dos residentes de Kinshasa, fustigados pela violência, superstição e constantes faltas de eletricidade, “Tongo Saa” no nome original é uma curiosa incursão do congolês Nelson Makengo sobre como a ausência de “luz” impacta no dia a dia a capital e os seus 17 milhões de habitantes. 

Na competição Burning Lights, o artista palestiniano Kamal Aljafari ganhou o grande prémio do júri com “A Fidai Film“, que recupera imagens da Palestina, outrora apreendidas durante a invasão do Líbano em 1982. Já “Brunaupark“, de Felix Hergert e Dominik Zietlow, ganhou o grande prémio do júri na competição nacional do festival para documentários suíços. O filme retrata os moradores de um edifício em Zurique que contestam o seu despejo.

O Visions du Réel decorreu de 12 a 21 de abril em Nyon, na Suíça.

Nicole Vögele’s The Landscape And The Fury was awarded  the $22,000 grand jury prize at the Swiss documentary festival Visions du Réel today (April 19).

The Swiss director’s latest feature, which world premiered in the international competition at the festival, centres around migrants at the Bosnian-Croatian border region.

A special jury prize of $11,000 was presented to Nelson Makengo’s Rising Up At Night about a power plant in the Congo which causes a severe blackout, affecting 17 million people. The documentary had its world premiere in Berlinale Panorama in February.

The international jury was comprised of former Berlinale and Locarno festival director Carlo Chatrian; filmmaker Carmen Jaquier and Tunisian producer Dora Bouchoucha.

In the Burning Lights competition, Palestinian artist Kamal Aljafari won the grand jury prize for A Fidai Film which reclaims images from Palestine once seized during the 1982 Lebanon invasion.

Felix Hergert and Dominik Zietlow’s Brunaupark scooped the $16,500, grand jury prize in the festival’s national competition for Swiss documentaries.The film portrays the residents of a building in Zurich who are contesting their eviction.

Visions du Réel runs from April 12-21 in Nyon in Switzerland.

Visions du Réel

Competição Internacional

Grande Prémio do Júri

The Landscape And The Fury
Nicole Vögele

Prémio Especial do Júri

Rising Up At Night
Nelson Makengo

Menções Especiais

My Memory Is Full Of Ghosts
Anas Zawahri

We Are Inside
Farah Kassem

Burning Lights

Grande Prémio do Júri

A Fidai Film (Pal-Ger-Qat-Bra-Fr)
Kamal Aljafari

Prémio Especial do Júri

Riders (Arg-Por-Ven)
Martín Rejtman 

Menção Especial

Revolution, Fulfil Your Promise (Mex-Sp-Nor-Bel)
Dora García

Fipresci

Les Miennes
Samira El Mouzghibati 

Competição Nacional

Grande Prémio do Júri

Brunaupark
Felix Hergert and Dominik Zietlow

Prémio Especial do Júri

Valentina and the MUOSters
Francesca Scalisi

Menção Especial

An Ordinary Life (Fr-Switz-US) 
Alexander Kuznetsov 

Sauve Qui Peut
Alexe Poukine 

Keanu Reeves pode protagonizar o novo filme de Ruben Östlund

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Segundo a Variety, Keanu Reeves está em negociações para protagonizar o próximo filme de Ruben Östlund, “The Entertainment System is Down“.

Este novo projeto de Östlund, duas vezes vencedor da Palma de Ouro (“O Quadrado [5]“; “Triângulo da Tristeza [6]“), passa-se num voo de longo curso cujo sistema de entretenimento do avião desliga-se e os passageiros tornam-se “seres humanos modernos que têm de lidar com o tédio e os seus próprios pensamentos“.

Em entrevista, Östlund assumiu que ambiciona ter “o maior número de desistências da história de Cannes” durante o visionamento de um filme, acrescentando que existe uma cena do filme em que um rapaz pede emprestado o iPad do irmão mais velho e é-lhe dito que tem de esperar cinco minutos. “E depois quero desafiar o público“, brinca Östlund. “Ficamos com o miúdo em tempo real. E ele está a olhar para o catálogo, a pô-lo no sítio e a inquietação começa a aparecer. Então ele pergunta à mãe: “Quanto é que nos resta?”. E ela diz: ‘Bem, agora são quatro minutos e 45 segundos, tens de te acalmar‘”. “Quando o público começar a perceber que se trata de uma filmagem em tempo real, acho que muita gente vai ficar muito, muito frustrada“.

Trailer do mais recente thriller de M. Night Shyamalan, “Trap”

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A Warner Bros. Pictures estreou o trailer oficial do mais recente thriller de M. Night Shyamalan, “Trap”, que estreia nos cinemas em agosto.

Filmado no final do ano passado no Canadá, o thriller segue um homem e a filha que vão a um concerto pop. Eles logo percebem que todo o evento é uma armadilha preparada pela polícia para capturar o serial killer ‘The Butcher’.

Josh Hartnett, Hayley Mills e Saleka Shyamalan fazem parte do elenco.

Cannes: estreia mundial para a primeira parte da versão restaurada de “Napoleão” (1927) de Abel Gance

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Um dos restauros mais monumentais da história do cinema, o “Napoleão” (1927) de Abel Gance, será revelado a 14 de maio em estreia mundial no Festival de Cannes.

Foram necessários mais de dezasseis anos para dar vida à obra-prima de Abel Gance e foram utilizadas várias fontes para redescobrir o enredo original para esta reconstrução do filme de 7 horas, dividido em duas épocas. Foram encontradas bobinas na Cinemateca Francesa, no CNC, na Cinemateca de Toulouse e na Cinemateca de Corse, bem como na Dinamarca, Sérvia, Itália, Luxemburgo e Nova Iorque. Georges Mourier e a sua equipa trabalharam fotograma a fotograma e reviram cerca de 100 quilómetros de filme. As notas de montagem do realizador Abel Gance e a correspondência com o seu editor, encontradas na BNF, permitiram reeditar o filme na sua versão original.

A primeira parte, com uma duração de 3 horas e 40 minutos, será apresentada como evento de pré-abertura do Festival de Cannes e como filme de abertura da secção Cannes Classics. O filme será depois exibido na íntegra com uma excecional interpretação ao vivo da banda sonora do filme, com 250 músicos da Radio France no Seine Musicale em Paris, a 4 e 5 de julho, bem como no festival Radio France em Montpellier, e depois na Cinemathèque française e nos festivais de verão.

O Festival de Cannes decorre de 14 a 26 de maio.