Sexta-feira, 19 Abril

Brigitte Bardot: “Vou acabar por me tornar comunista”

Numa entrevista ao Le Parisien, a atriz Brigitte Bardot abordou vários temas, entre eles o seu apoio ao protesto dos “Coletes Amarelos“, a crença que o presidente francês Emmanuel Macron deveria se tornar ator, como recusou recentemente um projeto de Claude Lelouch e como odeia filmes como Amor, de Michael Haneke.

Sobre a política, Bardot mostra-se “farta”, apoiando a causa dos “Coletes Amarelos”: “Estou com eles. Macron não concedeu o corte nos impostos previsto para janeiro. De um lado você tem ministros com motorista, do outro, pessoas que têm pouco dinheiro para terminar o mês. Vou acabar por me tornar comunista … Não, não (risos).” Apesar de definir que o presidente francês anda a sufocar economicamente os que têm menos recursos, Bardot reconhece o seu charme: “Ele deveria ser ator. Tem um bom físico e é extraordinariamente sedutor“. Forte defensora dos direitos dos animais, Bardot assume ser fã de Éric Zemmour e mostra-se desiludida com Jean-Luc Mélenchon por causa das suas ideias sobre os migrantes (a atriz chegou a mostrar o apoio a Marine Le Pen nas eleições presidenciais).


Não vejo os meus filmes ou as minhas fotos, não ouço as minhas músicas. Nunca olho para o passado. Isso deixa-me nostálgica e triste. Apenas conta o presente.

 

Sobre voltar ao cinema, a atriz de filmes como Deus Criou a Mulher explica como não aceitou o convite de Claude Lelouch para um projeto: “Há oito dias, Claude Lelouch ligou-me. Ele disse: ‘Brigitte, estou a ligar-te porque gostaria de propor algo’. Eu disse não imediatamente, sem deixá-lo terminar a frase. Não! Depois falamos sobre outra coisa. Ele fez um filme com Belmondo e queria o regresso do Belmondo e da Brigitte Bardot ah ah!“.

Quando questionada se esse projeto não poderia ser uma emocionante observação da velhice num casal, como Amor de Michael Haneke, a atriz não deixou margem para dúvidas: “Oh não, eu odeio [esse filme]. Vi umas partes na TV. Nós não precisamos mostrar a velhice. Eu odeio esse tipo de coisa no cinema. Mostre-me lindas miúdas com lindos miúdos e lindas histórias de amor que nos fazem sonhar. A vida não é engraçada e os filmes também não são. É um pesadelo. E todos os atores são iguais, todos eles têm as mesmas barbas estudadas, intercambiáveis, não há diferença entre um e outro. Há miúdas engraçadas, mas já não as tornamos bonitas. Eu amo a beleza. A beleza já não interessa ao Cinema. Nós apenas filmamos a vida cotidiana. 

Não desistindo, o entrevistador questionou então se ele viu Le Grand Bain (Ou Nadas ou Afundas), o mais recente sucesso do cinema francês. Bardot respondeu: “Ver sete tipos em calção de banho em frente à piscina, não, que horror!“. O que gosta então a atriz de ver? “Downton Abbey. Ela me subjugou! A elegância, a pintura de um tempo que, infelizmente, acabou. É extraordinariamente alegre e informativa“.

Bardot termina ainda a entrevista com a frase: “Não vejo os meus filmes ou as minhas fotos, não ouço as minhas músicas. Nunca olho para o passado. Isso me deixa nostálgica e triste. Apenas conta o presente.”

 

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