Sexta-feira, 26 Abril

Realizador de Bécassine reage ao boicote: “Não entendo como podemos boicotar ou criticar um filme sem o ver”

 

Depois de uma organização apelar ao “boicote ativo” ao filme Bécassinepor considerar que a comédia é “um insulto a todas as mulheres da região da Bretanha“, o realizador Bruno Podalydès comentou o caso, mostrando-se desgostoso com a atitude e afirmando que não percebe como existem criticos sem terem visto ainda o filme.

Nós falamos sobre ‘críticos’ quando eles nem viram Bécassine! Este já é um primeiro problema. Não entendo como podemos boicotar ou criticar um filme sem o ver. A minha mensagem seria: vá ver o filme“, afirmou Podalydès ao Le Figaro, adiantando que irá à Bretanha para apresentar a obra às pessoas: “O filme em si não possui uma ligação local. Caberá aos Bretões readoptar ou não a Bécassine. Se eles não querem que ela seja bretã, não será. Se querem readotá-la, isso é bom. A Bécassine toca a todos e não é representante dos bretões. É como se todos os belgas fossem como o Tintin ou os franceses como Asterix e Obelix …

Falando sobre a razão porque a personagem o atraiu, Podalydès diz que “Becassine é acima de tudo uma personagem. Ela continua a ser muito popular (…) Assim como uma música, como todas as coisas populares, ela é reinterpretada à sua maneira e é reapropriada. Eu proponho um retrato pessoal desta personagem como eu a vejo. Acho que outras pessoas imaginam a Bécassine de forma diferente. Alguns não gostam dela, outros têm muito carinho por ela, porque faz lembra as suas infâncias. Todos têm a sua visão. Eu só estou a propor a minha (…) Com a Émeline Bayart, a atriz que interpreta o papel-título, acho que tentamos mostrar uma sinceridade, mas ao mesmo tempo inventiva, uma gentileza muito grande, uma característica que, para mim, é um sinal de inteligência. Não podemos pedir a uma personagem fictícia para contar a história. O meu filme não é um documentário histórico sobre a história da Bretanha. Há um mal-entendido sobre isso. Com a minha personagem cinematográfica, sou livre de fazer o que quiser.

 

Criada em 1905 por Jacqueline Rivière e desenhada por Joseph Pinchon, Bécassine representava a empregada doméstica bretã, recém-chegada a Paris, cidade onde vivia a audiência a quem as tiras se destinavam. Ewan Thébaud, porta-voz da Dispac’h, um coletivo “independentista, anticapitalista, feminista, ecologista e internacionalista “, disse que o seu grupo acredita que “pegar num símbolo como Bécassine não foi uma escolha trivial ou inocente” por parte dos produtores parisienses e que “a imigração bretã não foi nada como a ingenuidade alegre exibida pelo filme“.

Apelidado a personagem de “uma mentira histórica” e “um insulto a todas as mulheres da Bretanha e todas as mulheres que conhecem ou conheceram a imigração“, a Dispac’h  apelou ainda a ações não-violentas nas estreias planeadas do filme em Quimper, Brest e Rennes.

Produzida pela Saddle Productions e a Why Not Productions, Bécassine chega às salas francesas a 20 de junho de 2018.

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